Checkpoint é uma coluna quinzenal que analisa diferentes franquias do universo dos jogos. A franquia examinada da quinzena com seus quatro jogos será Diablo.
Diablo(1997) é uma obra desenvolvida pela Blizzard North, atual Blizzard Entertainment que desbrava um novo gênero de jogos que ficaria marcado para sempre na história dos jogos, o action role playing game (ARPG) com elementos de hack n’ slash.
A história de Diablo apresenta um mundo apocalíptico, onde o recorte é a cidade de Tristam que foi invadida por demônios e sofreu a ira do Rei Leoric. O enredo baseia-se em uma disputa entre anjos e demônios enquanto os humanos foram tragados para esse embate. O mundo dos humanos foi corrompido quando foi solto três males supremos, dois destes foram suprimidos por uma seita conhecida como os Horadrim, o último é o Diablo, o chefe final do jogo, que está localizado no Labirinto abaixo de Tristam. Para Diablo tomar uma forma no mundo é necessário um receptáculo, em um primeiro momento o receptáculo é o Rei Leoric, porém por o mesmo não ter um corpo puro, é levado à loucura e se torna um Rei Esqueleto. O Arcebispo Lazarus como seguidor de Diablo utiliza o filho do Rei e o leva como sacrifício, o garoto enquanto uma criança será o receptáculo de Diablo. A jornada se finda com a derrota do lorde das trevas e o jogador assumindo como o novo receptáculo para a Pedra da Alma e levando o Diablo para o Leste, a fim de achar uma forma de o selá-lo para sempre.
A proposta da história tem uma abrangência em todo o universo da obra, é construído um background para que a história intimista vivida em Tristam tenha um impacto em todo o universo. Um acontecimento em uma vila influencia todo o planeta. Esta ideia torna o jogador um peça importante para o mundo mas sem aumentar o escopo da obra.
A forma como os elementos de Diablo foram apresentados servem, até os dias de hoje, como modelo do gênero que a obra inaugura. A história de Diablo é apresentada por livros encontrados ao longo do labirinto e as conversas com os npcs presentes na cidade. Este modelo é extremamente propagado e presente em vários ARPG. O mapa procedural, a câmera isométrica e os elementos de rpg são características marcantes do gênero que foram apresentados por Diablo.
A história apresentada pela forma de diálogos longos e dos livros encontrados serve ao propósito do gênero onde o principal é a jogabilidade e as mecânicas de jogo. O ARPG historicamente sempre passa a ideia de desafio, de relaxamento e de dominação. Em um primeiro momento de exploração da nova proposta a ideia de desafio é um dos principais focos, por isso ao desenvolver a obra não é pensado em diferentes níveis de dificuldade. Há somente uma dificuldade no jogo, então o nível de inimigos na média é alto e é sempre um desafio enfrentá-los. Por esse mesmo motivo o sentimento de relaxamento que futuramente os títulos subsequentes da franquia iriam abranger não estão presentes no jogo. Não há possibilidade de se desconcentrar do jogo e continuar vivo, há muitas coisas que podem matar o jogador, é preciso atenção ao jogo a todo momento. O sentimento de dominação também é comprometido, pelo fato dos inimigos serem fortes e complicados de se enfrentar.
Considerando o ano que o jogo foi lançado e a inovação apresentada, há diversos elementos da jogabilidade que são impressionantes para a época. Há diversas magias no jogo que são adquiridas através dos livros de magia, que são adquiridas ao abrir os baús e por isso são disponíveis a todas as classes, tanto o arqueiro, quanto o feiticeiro e o guerreiro podem obtê-las. As armas também não são bloqueadas por classes, todas elas podem utilizar todas as armas. As classes funcionam somente com os limites de atributos, por exemplo: o guerreiro pode ter no máximo 250 de força, a arqueira 55, essa é a diferença entre as classes. Com esse modelo há muita liberdade de como pode ser jogado o jogo, possibilitando diversas combinações para serem testadas.
Diablo traz uma proposta bem interessante em relação às missões, onde ao progredir na campanha elas são desbloqueadas. Porém não são sempre as mesmas missões disponíveis para o jogador, caso o jogador faça uma nova campanha ele pode receber diferentes missões, o que adiciona um elemento de rejogabilidade praticamente necessário para conhecer toda a história do jogo. Um exemplo disso é o Rei Leoric, você pode ter a missão de enfrentá-lo ou não, é aleatória, assim como enfrentar ou não o Butcher. Obviamente a missão de enfrentar o Diablo sempre está presente em todas as campanhas jogadas.
A obra tem problemas gritantes que muitas vezes desanimam na hora de se jogar. Entre elas, a mais complicada é a falta de balanceamento para o último chefe, ele é muito mais difícil que qualquer outro desafio, não há uma progressão gradual da dificuldade. Ocorrem saltos de dificuldade absurdos ao longo da obra, por isso é quase impossível derrotar Diablo sem o uso de glitchs. Esse é o outro problema do jogo, a quantidade de glitchs disponíveis, pode-se duplicar itens e conseguir dinheiro infinito, assim consequentemente conseguir colocar todos os atributos no máximo. Esses tipos de glitchs atrapalham a experiência do jogador e o pior é a necessidade da existência destes para o jogador conseguir enfrentar o desafio final da obra.
Concluindo, Diablo é uma obra bem produzida, principalmente considerando as limitações da época. Com a adição de diversos elementos únicos, o jogo estreia o novo gênero e dita os parâmetros do mesmo. Os problemas estão mais ligados a limitação da época e a uma certa falta de cuidado, mas é de se entender já que era impossível lançar “atualizações” para o jogo. No geral é uma obra interessante, bem feita e única, que apresenta uma proposta inovadora capaz de prender o jogador por horas, mesmo com os problemas apresentados, há mais pontos positivos do que negativos.
Diablo é desenvolvido pela Blizzard Entertainment, para saber onde está disponível o jogo ou comprar produtos da obra basta acessar o site deles clicando aqui. Para ficar por dentro de notícias do mundo dos jogos fique atento à BlackCompany em Games.
Respostas de 2
Excelente análise! Adorei como você destacou a inovação que “Diablo” trouxe para o gênero ARPG e a forma como o enredo envolvente de Tristam impacta todo o universo do jogo. Mesmo com suas falhas, é incrível ver como “Diablo” continua sendo uma referência até hoje. Mesmo assim, minecraft dungeons ainda é pra mim o melhor do genero. Abraços
Muito boa analise, como sempre