Um dos pilares filosófico dentro da ideologia dos Precursores é o conceito de tempo-vivo, onde todo universo é uma entidade viva, em constante mudança e enriquecida pelas experiências coletivas da vida.
Conforme descrito no site Halopedia[1], o tempo-vivo estava “relacionado ao fluxo do tempo e a alegria da interação da vida com o cosmos”, sendo este, um dos pilares estruturante do conceito de manto da responsabilidade. Assim, tanto a paz quanto a guerra poderiam fazer parte da harmonia natural do universo para manter o equilíbrio das coisas.
Mas afinal, o que é o tempo?
Conforme Ricardo Alves Ferreira[2] o “espaço e o tempo são conceitos de destacada preeminência na vida do homo sapiens cuja tematização remonta à alvorada do pensamento filosófico na Grécia, por pensadores como Platão e Aristóteles, tornando-se, ulteriormente, questões cruciais das ciências da natureza, especialmente da astronomia e da física, as quais têm propostos diferentes modelos, como aqueles formulados no âmbito da mecânica clássica e da teoria da relatividade geral”.
Em relação ao tempo, Aristóteles considerava-o estreitamente relacionado à ideia de movimento onde o tempo “é a medida do movimento segundo o antes e o depois”, de modo que, a mensuração do tempo é uma operação intrínseca à alma[3].
Assim, para Aristóteles, a forma de contar e entender o tempo não existe sem a interpretação da alma humana.
Por sua vez, para Issac Newton o tempo é absoluto, verdadeiro e matemático, fluindo uniformemente sem relação com nada externo ou com observadores, ou seja, o tempo em si é constante.
Albert Einstein mudou as bases da compreensão do conceito de tempo Newtoniano ao apresentar em sua teoria da relatividade a ideia de que o tempo não está inteiramente separado e independente do espaço, e sim combinado com ele para formar um objeto chamado espaço-tempo.
Segundo o Canal Ciência Todo Dia[4], tanto o espaço quanto o tempo se dilatam e se contraem para manterem apenas a velocidade da luz como algo constante, passando a ser um elemento de conversão das medias de tempo e espaço. Assim, o tempo se une ao espaço criando uma coisa só.
Para os Precursores, a filosofia do tempo-vivo pode ser entendida como uma série infinita de correntes retorcidas e entrelaçadas, conhecidas como linhas do mundo, intrinsecamente ligadas à noção de destino.
As junções e conexões que ocorreriam nas linhas do mundo seriam os momentos em que se criariam vínculos entre indivíduos que compartilham o mesmo destino criando um sincronismo em suas vidas.
Dessa maneira, todas as formas de vida seriam apenas um estágio temporário dentro do conceito de tempo-vivo antes de outra civilização reivindicar seu lugar como responsável pela manutenção do equilíbrio e guardiões do manto da responsabilidade.
É possível afirmar que de certa forma a filosofia dos Precursores se utiliza da ideia proposta por Albert Einstein de que o espaço-tempo não é algo estático, sendo que as formas de vida estão contidas dentro de outra entidade conhecida como tempo-vivo.
Assim, o tempo-vivo seria uma entidade independente, em constante mudança e evolução, composta por todos os seres vivos do universo.
No que se refere ao domínio, conforme descrito no site Halo Project Brasil[5], dentre todas as construções e inovações desenvolvidas pela tecnologia dos Precursores, “talvez a criação mais extraordinária seja o que os Forerunners conheciam como Domínio: uma vasta reserva contendo a totalidade do conhecimento e experiência acumulada dos Precursores, totalizando 100 bilhões de anos de dados, com a maioria das informações coletadas desde o início do Universo, se não anterior”.
Quase como uma central de dados e informações alocadas em diversos servidores espalhados pelo universo, “esta reserva de conhecimento estava contida nas construções precursoras na Via Láctea e projetou um campo maciço através do qual registros poderiam ser acessados em qualquer lugar, independentemente da localidade”.
Neste aspecto, o domínio muito de assemelha a atual estágio da internet no que se refere a criação e a distribuição do ecossistema de informação, onde esta deixou de ser uma rede de acesso de dados e informações para se tornar uma fonte de envolvimento.
De acordo com Bernardo Felipe Estellita Lins[6], todo usuário da internet “tem a seu dispor formas distintas de buscar seus dados e relacionar-se: o computador, o tablet, o telefone pessoal e a televisão digital; e as usa continuamente, às vezes em paralelo. A radicalização desse processo é a comunicação direta e automática entre equipamentos mais diversos, sem a intervenção humana é conhecida como “Internet das coisas”. Esse é o momento que estamos vivendo nos dias atuais”.
A internet das coisas nada mais é do que a interação direta entre máquinas e equipamentos por meio de acessos a redes locais ou a telefonia celular, tais como a comunicação entre automóveis, eletrodomésticos, computadores, celulares ou aparelhos residenciais, independente da atuação das pessoas, mudando clássica relação homem-máquina.
Assim, é possível afirmar que a internet está se desenvolvendo com o objetivo de possibilitar a interação entre máquinas sem a participação humana.
Contudo, diferente da internet, o próprio Domínio também era uma entidade consciente e não apenas um repositório de informações ou de interações entre aqueles que o acessavam.
O próprio domínio era uma consciência viva que além de acessado e alimentado com informações, gerava o próprio conhecimento baseado na neuro-física.
Quem sabe o domínio idealizado pelos Precursores não é o futuro da atual internet?
[1] https://www.halopedia.org/Living_Time Acesso em 09/01/2020.
[2] ALVES FERREIRA, Ricardo; Et all. O espaço e o tempo, entre a ciência e a filosofia:
Notas para o ensino de física. VII ENPEC Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciência. http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/981.pdf ISSN: 21766940 Acesso em 13/01/20.
[3] ALVES FERREIRA, Ricardo. Op cit.
[4] https://www.youtube.com/watch?v=kJ5xNaSIeTI Acesso em 16/01/2020.
[5] https://haloprojectbrasil.com.br/2014/06/23/precursores/ Acesso em 04/10/2019
[6]http://www.belins.eng.br/ac01/papers/aslegis48_art01_hist_internet.pdf Acesso em 04/10/2019.
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