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Homem de massinha olhando para um vidro com uma raça alienígena do outro lado.

Harold Halibut: uma estética incrível para uma obra aquém

Harold Halibut, o primeiro jogo da Slow Bros., estúdio de jogos alemão que investiu na obra por 12 anos até sua conclusão. Uma ideia absurda de animação a partir do stop motion de personagens de massinhas dão vida ao jogo, junto a isso tem-se uma narrativa que aborda diferentes temas referentes ao desejo, amizade e lar.

A proposta da obra consiste em uma narrativa conduzida por diálogos. Em momentos pontuais há a presença de puzzles, mas eles funcionam como um elemento integrador, não chegando a compor um gênero em específico. O ambiente 3D apresentado permite a livre movimentação, a narrativa se passa nesse espaço sendo necessário realizar várias tarefas que geralmente consistem em diálogos com diferentes personagens. 

A narrativa linear apresenta uma história linear e com um grau de interação menor do que esperado. O jogador é posto em diversos momentos apenas como observador, e os momentos onde o controle do personagem é assumido a obra migra para um walking simulator pouco engajador. Outro elementos de interação apresenta-se pelos puzzles, infelizmente estes são escassos o suficiente para serem lembrados de cabeça.

Em relação a história, a premissa consiste em uma sociedade humana que partiu da terra a centenas de anos em busca de um novo lar. Durante o percurso ocorreu um acidente e foi necessário aterrissar em um planeta aleatório, o acidente fez a nave cair no fundo do oceano deste planeta. Este ambiente pouco convidativo do fundo do oceano de um planeta alienígena é o plano de fundo da obra que conta a história de Harold Halibut, o ajudante de uma cientista renomada. 

A ideia de uma narrativa traz consigo uma história interessante, porém um tanto arrastada. A história é relativamente curta e pode ser facilmente resumida, porém há algo que torna a obra grande o suficiente para ter quase 10h de duração, isto é o quão detalhados são os acontecimentos. Tudo que acontece é explicado nos mínimos detalhes tornando a dinâmica narrativa chata em muitos momentos, este detalhamento deveria gerar um desenvolvimento pormenorizado das diferentes personagens, porém isto ocorre com poucos personagens e com o protagonista só ocorre ao final da obra. Todo o processo de desenvolvimento do protagonista praticamente não ocorre ao decorrer da obra, a ideia de um ajudante desajeitado que vive no mundo da lua só é retirado de cena nos últimos momentos do jogo.

Ainda há alguns pontos que merecem destaque, como o trabalho ao redor de personagens como Budy e sua pós morte para desenvolver alguns personagens secundários. A dinâmica do Lumis e sua organização. E finalmente todos os acontecimentos pós entrada no buraco da Wiu e Harold, os acontecimentos após este momento são memoráveis e incríveis, em todos os aspectos, seja em relação a narrativa, história, estética ou jogabilidade. Infelizmente, os outros acontecimentos até aquele momentos são poucos impactantes com algumas exceções.

No que diz respeito às críticas e reflexões, a obra propõe algumas com sua narrativa demasiadamente detalhada. Pois, ao adicionar a personagem da Wiu e explorar o choque entre culturas das diferentes raças é possível entender certas “complicações” dos seres humanos que fazem pouco sentido, ainda mais considerando o ambiente e situação que os moradores da Fedora I se encontram, dragados no oceano de um planeta alienígena. Aspectos como relações sociais, relações econômicas e sociabilidade são debatidos abertamente e prolongadamente. Ainda há uma construção de uma empresa maléfica e sombria com a presença da All Water, porém o “plot” em relação a ela é pouco impactante e faz quase nenhum sentido considerando a atenção e construção da trama ao redor da “empresa capitalista do mal”.

O aspecto mais relevante da obra sem sombra de dúvidas é o aspecto estético. Os desenvolvedores alegam que não sabiam fazer animações em 2D e nem modelar personagens 3D, logo eles optaram por fazer todo cenário e personagens em massinha, escaneá-los em um modelo 3D e aí sim ter uma arte para o jogo. Este processo somado ao desenvolvimento da história levou 12 anos para ser concluído, o resultado é incrível, definitivamente a estética da obra é algo único, ainda mais considerando a trilha sonora incrível com música ideais para momentos específicos, como Bella Ciao na execução do plano por parte do Lumis ou o Souls music no momento da despedida entre Harold Halibut e Wiu.

Concluindo, Harold Habilut acaba por ter mais apelo estético do que todo resto, há problemas na jogabilidade, narrativa e progressão. A obra peca em muitos aspectos, não que seja ruim, mas definitivamente não é bom. A experiência por muitos momentos é mais cansativa do que gratificante, e se não fosse por um último arco destoante do resto da obra com um trabalho impecável na jogabilidade, narrativa e até com uma estética diferenciada, o resultado final seria um grande desastre. Então, o jogo é isso, uma experiência estética incrível com outros elementos medianos que tornam a obra uma coisa comum.

Harold Halibut é desenvolvido e distribuído pela Slow Bros. Para ficar por dentro de críticas e notícias do mundo dos jogos fique atento à BlackCompany em Games.

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