Neva é o segundo jogo da desenvolvedora indie de Barcelona, Nomada Studio, que ficou famosa em 2018, com o lançamento de Gris, seu primeiro jogo. Assim, havia os dois pesos da balança, com uma equipe altamente qualificada para desenvolvimento de um jogo, mas acompanhado da alta expectativa justamente pelo que foi mostrado no seu início.
O combate é uma adição interessante em Neva, principalmente que uma das poucas críticas que Gris recebeu é a não ter um senso de urgência, já que era impossível morrer no jogo. Apesar disso, é uma mecânica simples, o que não é um problema, tendo em vista a proposta do jogo. Os únicos momentos que essa simplicidade pode atrapalhar é no combate com 2 ou mais inimigos, mas nada que realmente possa atrapalhar a experiência como um todo.
Um dos elementos coisas que impressiona e decepciona ao mesmo tempo é o visual. O jogo se inicia com o capítulo de verão, e é tranquilamente um dos cenários mais lindos que eu já vi em todos os videogames. O problema é que aquele nível de paisagem vai se mostrar presente apenas no verão e na primavera. No outono e inverno, onde o jogo se passa a maior parte do tempo, há um constante uso de neblina que empobrece o mapa, causando muito incômodo, já que o jogo tem viés contemplativo, e esse artifício atrapalha a contemplação.
Eu entendo que a decisão de não fazer cenários absurdamente belos vai de encontro com o que a narrativa propõe, de que a escuridão tomou aquela paisagem, mas acho poderiam ser usados outros recursos, como uma paisagem detalhada igual, mas mostrando os rastros de destruição.
Gris também segue essa fórmula de cenário, mas de um jeito que não frustra, já que começamos com o cenário mais simples possível, e sempre vamos caminhando para novos detalhes. Neva opta por mostrar essa quebra, o que conceitualmente é uma ideia interessante, mas podia ser melhor executada.
Essa interpretação dos cenários vai além do visual, impactando também na gameplay. Em gris, era possível ter puzzles com diferentes locais, como fase na água, na floresta de bichinhos quadrados, na própria estátua da mãe. Já em Neva, todos os ambientes, embora possuam variação, são muito mais simples, e os desafios não costumam fugir de uma premissa mais básica.
Neva é um bom jogo, e as pessoas que forem jogar de uma forma independente podem aproveitar muito. Agora aquelas que esperavam algo com o mesmo impacto de Gris ou até maior podem se decepcionar, já que alguns dos elementos mais primorosos do primeiro jogo aqui aparecem de forma mais simplificada.