Sid Meier’s Civilization VII é o jogo mais recente da franquia Civilization, desenvolvido pela Firaxis Games, uma desenvolvedora de jogos norte americana. O novo Civilization propõe diversas inovações em jogabilidade se comparado ao seu antecessor. Diversos sistemas legado foram modificados propondo algo diferente do habitual. Inovação não é uma possível reclamação, mas a pergunta é: Até que ponto ela foi para melhor?
A obra propõe um jogo 4x com algumas inovações para modificar a progressão e o funcionamento geral de alguns sistemas clássicos da franquia. As mudanças foram significativas se comparadas ao título anterior, apresentando maior variabilidade e variáveis que influenciam na forma de vencer uma partida. Estratégias mais diversificadas agora são possíveis, favorecendo os jogadores novatos a conseguirem conquistar uma vitória contra os veteranos acostumados com o gênero.
De cara, a principal diferença é a desvinculação do líder selecionado com a nação representada. Neste novo Civilization, não há uma relação de dependência entre os dois parâmetros, logo, é possível, por exemplo, selecionar Maquiavel e jogar com o império egípicio. Além disso, outro fator importante é a separação da partida em eras. Agora, cada era é uma parte independente da run, após cada era, as relações de aliança e ódio, cidades evoluídas e segmentação de estratégia são reiniciadas. Assim, é possível seguir um caminho em uma era e recalcular a rota para a próxima etapa, permitindo, por exemplo, a mudança de uma estratégia militar para científica durante a run sem ser duramente penalizado. Apenas com essas duas mudanças, o core que era apresentado desde o Civilization VI foi alterado significativamente, tornando a progressão da partida algo completamente diferente. Mudar o curso de ação é muito menos punitivo do que anteriormente, além disso há mais elementos para serem combinados a fim de formar uma estratégia, fortalecendo ainda mais estratégias que focam em um segmento desde o começo.

Apesar da divisão de eras ser algo que reinicia parte da progressão, há diferentes aspectos que foram adicionados para tornar essa cisão mais significativa, mantendo parte da progressão através de novas mecânicas. Dois novos sistemas foram adicionados pensando nesta ideia: o sistema de legado e o de crise. Ao final de cada era, uma crise aleatória se instaura, tornando o final de cada ato consideravelmente mais complicado de se lidar. A fim de superar a crise, algumas medidas drásticas e rápidas tem que ser tomadas pelo jogador, pois caso isto não ocorra uma punição considerável é ativada. Além disso, a crise pune os jogadores que negligenciam certos aspectos do jogo, como é o caso da crise de peste que é agravada pela falta de empenho no aspecto religioso.
A era que realmente importa é a última, é nela que a vitória será decidida. As duas outras funcionam para preparar o terreno para o grand finale. Assim o sistema de legado é introduzido, já que em cada era após conquistar certos marcos, pontos de legado são obtidos, permitindo conseguir certos perks que auxiliarão o jogador no decorrer do jogo. O ponto é que os marcos são divididos pelos quatro aspectos responsáveis pela vitória: Militar, Científica, Econômica e Cultural. Logo, seguir em todas as eras um objetivo e acumular pontos de marcos em um dos aspectos, beneficia o jogador a longo prazo, principalmente na última era onde a partida chega ao fim, invariavelmente. Os dois sistemas citados fortalecem o sistema de divisões em era e reforçam a complexidade da progressão, fazendo o jogador pensar sistematicamente sobre a crise que sempre o irá esperar e os legados que devem ser conquistados para uma progressão que leve à vitória.
A progressão não para por aí, ainda há o sistema de evolução da conta e das figuras de líderes. Com ele é possível liberar diversos modificadores que podem ser equipados nas figuras históricas, cada um podendo ter até dois desses. Seus efeitos são diversos, proporcionando que determinada estratégia seja reforçada desde a seleção do líder, o início efetivo de cada partida. No geral, ao comparar o Civilization VII com os outros, a maior diferença é o sistema de progressão que está mais robusto, até o sistema geral do jogo foi modificado, com a divisão de eras, para que o elemento da progressão ganhasse força. A parte boa disso é que o esforço do jogador é recompensado a cada poucos momentos, diferente dos outros Civilizations, onde só a vitória final importa. Cada pequena conquista recebe seu devido valor em Civilization VII.

Uma mudança que trouxe grande controvérsia é a retirada da religião como possibilidade de vitória. Agora este aspecto faz parte da cultura e tem seu foco na segunda era. Após este breve período, a religião perde o foco e é deixada de lado. Ainda falando sobre os aspectos, cada um deles possui um objetivo específico em cada uma das eras, alguns são até semelhantes, como o caso da ciência e do militar, mas outros são bem diferentes como cultura e economia. A cultura, por exemplo, exige na primeira era 7 maravilhas construídas em seu território, na segunda era é preciso difundir a religião e conseguir relíquias sagradas nos assentamentos, já na última era a necessidade é de realizar escavações e acumular artefatos para fundar a feira mundial. Já outro aspecto é algo planificado que só escalona, como o Militar que só aumenta o número de assentamentos que devem ser conquistados.
Outra mudança significativa são as cidades pequenas e cidades normais. Diferente dos outros Civilization, agora, quando uma nova cidade é fundada, ela não é criada como uma nova cidade que tem sua produção por turnos. Todo o novo assentamento é uma cidade pequena, que produz dinheiro e todas as suas construções devem ser compradas, não produzidas por turnos. Apenas cidades grandes possuem produções por turnos. Com essa mudança, gerenciar dezenas de cidades tornou-se menos massante, fazendo com que seja mais fácil possuir mais de 20 cidades sem perder muitos minutos para jogar um turno. O jogador ainda pode transformar a cidade pequena em uma cidade, mas é uma ação que deve ser bem considerada, já que por vezes haverá mais prejuízo do que benefícios.
Apesar das diversas mudanças, outros elementos de controle de tropas, fundação e evolução de cidades, progressão da parte cívica e tecnológica ainda são bastante parecidos com os jogos anteriores. O foco das mudanças seguiu um caminho, o que estava dentro das expectativas dos desenvolvedores, não foi alterado.

As mudanças foram grandes mas todas seguiram o mesmo preceito: melhorar a progressão e tornar o jogo mais segmentado. Além disso, há um claro intuito de aumentar a tomada de decisão do jogador e sua participação em detalhes gerais da partida. O jogo se aproximou mais de um gênero roguelike do que um 4x. É possível considerar uma nova rota para um gênero consolidado, é sem sombra de dúvidas uma abordagem que busca agregar um público diferente que não está acostumado com esse gênero. Civilization VII traz uma nova experiência para todos os jogadores, os que são novos e os veteranos, independente da aproximação do gênero, é algo relativamente novo para ser experimentado.
Em relação aos gráficos, a obra peca muito pouco. Garantindo um desempenho melhor em máquinas mais modestas, o jogo não requer altos padrões de especificações para ser jogado. O gráfico se manteve fiel ao clássico da franquia com melhorias consideráveis. Alguns detalhes poderiam estar melhor, como um melhor detalhamento das ferrovias e a presença real de trens. Tirando isso, quase tudo que se necessita está presente.
Concluindo, Sid Meier’s Civilization VII é um novo começo para a franquia. Continuações são complicadas para jogos, há momentos que a franquia chega em uma barreira onde a única solução são mudanças significativas para drásticas, Civilization VII decidiu tomar esse caminho. O problema são as intrigas que isto causa com o público já consumidor, que exige mudanças e reclama da maioria delas. Este novo começo pode ser complicado para Civ, mas era necessário dado o teto que o título antecessor havia atingido. O futuro é incerto, mas frente às atualizações programadas, qualquer problema e correção de rota exigido será realizado com maestria, principalmente se considerar a legado da Firaxis Games. Este novo título tentou melhorar o que existia até agora e parece que conseguiu, pelo menos até certo ponto.
O Civilization VII foi disponibilizado para a Black Company pela Nuuvem, caso queira adquirir uma cópia acesse o seguinte link. Para ficar por dentro de todas as novidades sobre o mundo dos games em geral, acesse a Black Company em Games.