Muito se tem falado sobre a nova minissérie da Netflix que estreou no dia 11 de abril. Bebê Rena choca por não ser o que parece: uma obra que trata de stalkers, abusos e preconceitos. Complexa, densa e extremamente pesada, podemos dizer que ela não pode ser vista por telespectadores mais sensíveis. Em um primeiro momento podemos ser levados a acreditar que ela é uma série de humor ácido, mas ela vai muito além disso.
A série é escrita e criada pelo comediante escocês Richard Gadd que também protagoniza a obra como versão de si mesmo, Donny Dunn. Acompanhamos o personagem que após realizar um ato de bondade com Martha (Jessica Gunning) ganha uma stalkear que o chama de “bebê rena”.
Bebê Rena vai enganar você
O desencadeamento da obra ao longo dos episódios é surreal. Começamos com um drama com uma leve comédia, sendo Martha uma perseguidora extremamente caricata e até engraçada. Entretanto, com o transcorrer dos episódios a trama ganha ares extremamente sombrios levando assuntos como abusos aos maiores níveis possíveis.
A verdade é que a trama não prepara você para o que está por vir. Nosso protagonista, Donny Dunn, nos episódios iniciais é somente alguém detestável, cansativo e que por algum motivo, que ainda não compreendemos, dá corda para as maluquices de Martha.
Tudo muda no fatídico episódio quatro.
É aqui que vamos entender todas as ações de Donny Dunn. Tudo aquilo que precocemente julgamos nele possui um motivo, nosso protagonista não é somente um babaca, mas alguém extremamente devastado emocionalmente. O “bebê rena” é um indivíduo que afasta todos à sua volta por não conseguir lidar com seu pavoroso passado.
É nesse ponto que a trama pode decepcionar alguns telespectadores. Enquanto seu protagonista possui uma construção interessante e bem feita, os personagens coadjuvantes são sombras dentro da história. São indivíduos com uma enorme capacidade de desenvolvimento, mas que nunca conseguem mostrar seu verdadeiro potencial, pois eles estão ali apenas para completarem a história de Donny.
Essa ausência de construção do restante dos personagens causa uma enorme decepção ao terminar os sete episódios. Donny Dunn parece mudar, se tornar alguém melhor, mas no final volta ao mesmo círculo vicioso. Teri e os próprios pais do protagonista são indivíduos de enorme potencial narrativo que poderiam contribuir para uma melhora da história e do próprio Donny Dunn, mas que são descartados e não interferindo em nada no fim da série.
Podemos dizer que é compreensível o sucesso da série, mas podemos levar um grande ponto para reflexão: diante a tanta desgraça, violência e tragédia que vivemos diariamente, não seria interessante que obras como Bebê Rena nos dessem um final esperançoso? Que vítimas de abuso podem vencer e se tornarem mais fortes?
No final, a série opta pelo caminho trágico, mas é seguro dizer que ela conseguiu levar temas extremamente delicados para a discussão.
Quer saber mais sobre os personagens? Então leia a matéria : Bebe Rena: Eu vejo você, mesmo quando você não me vê
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