O primeiro livro da série Protocolo Destruição é o quinto da carreira do jovem autor Cacá Contijo, de apenas 15 anos. Em Dominação Total da Escuridão, ele explora dois temas já consolidados no universo da ficção: a viagem temporal e a vida extraterrestre. Contudo, ao exagerar na quantidade de personagens e apresentar resoluções rápidas para os conflitos, a obra se apressa e não desenvolve seu interessante universo da melhor forma possível.
Os Acontecimentos
Dominação Total da Escuridão se passa em um futuro distante, onde a Terra foi dominada por uma raça alienígena conhecida como Carcons. Com o domínio da Terra, o resto do universo foi sendo conquistado planeta por planeta, galáxia por galáxia. O grupo que luta contra esta dominação é a Resistência. Arquivo, o líder da Resistência é de uma raça superior que possui longa logevidade e sua habilidade especial é uma super memória que o faz lembrar de todos os acontecimentos e situações que ele estuda. Munido de conhecimento histórico e uma alta habilidade tecnológica a única solução parece ser a volta no tempo para a Terra antes desta ser dominada pelos Carcons.
A missão de Arquivo é enfrentar os Carcons antes que eles se tornem poderosos demais e dominem o universo. Sua jornada no passado, na Terra do ano 14.000 D.C., é inusitada. Os humanos desse período vivem uma nova idade da pedra, com a tecnologia estagnada há milênios. Durante a invasão, Arquivo se junta a um grupo de humanos para salvar o planeta. Eles atravessam diversas localidades e enfrentam vários obstáculos para obter os itens necessários para enfrentar os invasores. A jornada é árdua e sacríficios são realizados. A resolução dos acontecimentos abrem caminho para o segundo livro mas dificilmente comovem o leitor.
Uma boa premissa e um desolvimento aquém
A obra apresenta uma boa premissa ao desenvolver diferentes raças alienígenas com certas peculiaridades cada uma, principalmente os civilitz. É raro observar uma raça alienígena que é posta como superior ter um desenvolvimento equivalente a sua superioridade. Há uma linha tênue entre uma civilização desenvolvida que auxilia as outras e um elemento ‘Deus ex machina’ que resolva qualquer empecílio que envolva o protagonista e seus companheiros. O autor traça bem a divisória e não ultrapassa para o outro lado, assim o método da resolução dos problemas através da ajuda dos civilitz é crível, ele funciona dentro da suspeição de descrença.
No entanto, a premissa da viagem no tempo possui problemas. Sendo o maior deles a falta de inovação que ocorre pelo não abandono ao básico, ele não é superado. É de praxe um personagem que vivencie a viagem no tempo ter os acontecimentos do “novo presente” sendo diferentes dos acontecimentos do “antigo passado” vivenciado no futuro. O protagonista como novo elemento adicionado a esta linha temporal, interaje com o mundo alterando os acontecimentos, isto é tão clichê que cansa. Seria necessário um trabalho de invoção para superar o elemento do “imprevisível” que é posto ao novo presente por não seguir o antigo futuro. A premissa em si não é ruim, mas definitivamente ele não foi bem implementado.
No que diz respeito ao “corpo da obra”, que basicamente se refere a jornada da resistência humana, este é provavelmente um dos piores momentos da obra. O primeiro ponto que apresenta problemas é a quantidade de personagens que possuem relevância. São tantas pessoas que é difícil decorar os nomes e lembrar quem são, além disso a grande quantidade destes impossibilita a construção dos mesmos. Esta falta de desenvolvimento torna díficil despertar qualquer sentimento de empatia para com eles, ficando ainda mais agravante quando alguns destes se sacrificam pelo grupo. É provável que grande partes dos leitores só conheça os personagens que morreram pelo nome, qualquer descrição física ou de profissão ficou perdida entre todas outras descrições. Apenas com a diminuição da quantidade de personagens, após diversas mortes, que é possível lembrar e se aproximar dos que restaram. O momento chave onde isto ocorre é quando os personagens estão na Nasa e sobram somente 6 pessoas contando com Arquivo.
Este trecho da Dominação Total da Escuridão ainda revela outro problema. Há muitos elementos sem sentidos adicionados, que invariavelmente causam confusão ao leitor. Durante a jornada para coletar os equipamentos necessários para o comunicador, a Resistência percorre diferentes lugares, cada um destes com diferentes empícilios e desafios para serem superados. Os inimigos, que são os maiores desafios de cada local, são formados a partir de três temáticas: tecnologia, alienígenas e radiação. A origiem e forma destes inimigos são tão bizarras e sem sentido que deficilmente é possível entender como e porque eles estão ali. A adição repentina desses inimigos reforça a dúvida do leitor. Não há uma construção minuciosa de cada inimigo e a situação em que eles se encontram, esses simplesmente estão ali por um motivo um tanto frágil de difícil assimilação. Era preciso um trabalho maior na contrução, desenvolvimento e apresentação destes para que realmente os desafios parecessem algo impactante e épico. Infelizmente, isto não ocorre.
Ainda há problemas nas diferentes descrições. As cenas são extremamente corridas com os acontecimentos sendo postos de imediato. Não há um desenvolvimento das situações e embates, assim como dos personagens. Talvez o tamanho do livro seja curto para o tamanho da obra. Seria necessário algo maior, com mais detalhes e descrições. Os acontecimentos repentinos não conseguem construir nenhuma espécie de atmosfera que embates épicos exigem. Este problema persegue a obra até o fim, pois ele é o que torna o final tão sem emoção. Este, ocorrendo de forma repentina e abrupta, logo, o final não convece o leitor sobre a batalha épica que era planejada e anunciada.
Concluindo, Dominação Total da Escuridão, o primeiro livro da série Protocolo Destruição, possui diversos problemas. As premissas interessantes são relativamente bem trabalhadas a medida que fornecem um arcabouço para o embate épico na Terra futurista. O problema é que o básico de desenvolvimento do cenário, inimigos, personagens e situações é ruim. Falta descrição dos momentos, desenvolvimento dos acontecimento e emoção no embates. Os problemas são de ordem elementar na escrita. Infelizmente(ou felizmente), traçar motivos para isto acontecer vai além do que uma crítica é capaz. Porém, um fato é que será necessário melhorar diversos pontos para o próximo livro da série.
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