O Dia das Crianças, comemorado no Brasil em 12 de Outubro, aproxima-se e logo bate aquele desejo de voltar no tempo para brincar despreocupadamente e ganhar presentes, assim como no filme Didi Quer Ser Criança, o qual volta à infância devido a um milagre (geração milenial e Z que assistia Sessão da Tarde vai lembrar). Voltar a ser criança pode ser uma boa experiência, enxergar de novo através dos inocentes olhos infantis traz aconchego e nostalgia à atormentada vida de adulto que temos. Como não é possível voltar no tempo, optamos por boas leituras infanto-juvenis que podem ajudar nesse processo. Por isso, sente-se no tapete colorido e cheio de pelúcias, acenda a Luminária e vamos brincar de contar histórias e experiências:

Os jovens adquirem maturidade ao longo do seu desenvolvimento individual, alguns amadurecem mais rápido que outros e, por vezes, alguns adultos carregam em si a animação, a impetuosidade, a ingenuidade e os resquícios de sua infância em meio às adversidades de quem estuda e/ou trabalha e/ou sustenta a família. A vida de grandes responsabilidades, na maioria das vezes, quebra o encanto pelo mundo que só uma criança pode enxergar e é através da leitura de livros infanto-juvenis que estes adultos podem resgatar essa aura mais inocente e imaginativa.
A literatura infantojuvenil é dedicada às crianças e adolescentes, incluindo histórias fictícias, biografias, novelas, poemas, obras folclóricas ou explicações de fatos da vida real (família, escola, violência, morte, entre outros). Tem como objetivo repassar valores e bons hábitos, propiciando uma nova visão da realidade, além de diversão e lazer. Com isso, quando um adulto lê obras voltadas para o público mais novo, o entretenimento e o aprendizado são garantidos, associado à sensação de coração quentinho.

Para os adultos que gostam de aventura e mundo fantasioso, as sagas de “Como Treinar o Seu Dragão”, “Percy Jackson e os Olimpianos” e os primeiros livros de “Harry Potter”, são todos voltados para o público dos 11 aos 15 anos, além de serem adaptados para o cinema e para as séries. São histórias com grande público maior de idade, afinal nós crescemos lendo estes livros enquanto eram lançados e assistimos às adaptações, agora como adultos, voltamos a esses mundos mágicos e embarcamos nas aventuras dos protagonistas, nutrindo a nostalgia.
“Como Treinar o Seu Dragão” e “Percy Jackson e os Olimpianos” possuem uma linguagem narrativa mais humorada e pouco descritiva, com uso de gírias e estereótipos de jovens adolescentes desajustados, com protagonistas corajosos os quais enfrentarão monstros e lideranças, em uma luta pela sobrevivência e aprovação. Já “Harry Potter” possui uma narrativa mais centrada e mais madura, o que não impede que os jovens consigam entender a história, mas que também agrada bastante o público mais velho, pois acompanhamos o protagonista e seus amigos enfrentando uma série de aventuras fantásticas para solucionar um problema maior.

Dentro do subgênero dos romances de formação, indico as duologias clássicas “Pollyanna e Pollyanna Moça” e “Alice no País das Maravilhas e Alice no País dos Espelhos”, além da série “Anne de Green Gabbles” que são, teoricamente, para o público feminino. Os dois livros com a protagonista Pollyanna são muito trabalhados em escolas devido ao aprendizado existente na história sobre como ver a vida de uma maneira mais positiva e, assim como os personagens adultos, os leitores maiores de idade também aprendem essa importante lição de vida.
Já a obra que retrata as aventuras de Alice demonstra a esperteza da criança que os adultos tantas vezes tomam por insolência, é um incentivo para voltarmos ao mundo da imaginação fértil e absurda que toda criança tem e que o adulto perde conforme encara a realidade. Quanto a “Anne de Green Gabbles”, o leitor acompanha as peripécias, as boas intenções, a imaginação e o olhar floreado da brilhante Anne, uma narrativa deliciosa e com muitos capítulos independentes que fazem a leitura fluir. O livro traz ensinamentos morais, mostrando como a doçura de uma criança pode conquistar e acalentar um coração mais endurecido com a maturidade.

No Brasil, um clássico amado por muitos é a série do “Sítio do Pica-Pau Amarelo” de Monteiro Lobato, as histórias começaram a ser publicadas no ano de 1920 e se estenderam até 1941. As aventuras dos primos Narizinho e Pedrinho com a boneca Emília marcaram diferentes gerações, principalmente devido a várias adaptações para programas de TV. Além disso, Monteiro Lobato também traduziu outros romances para o público infanto-juvenil, como os contos de Grimm, contos de Andersen, Robinson Crusoé e Robin Hood.
Se você é um adulto que prefere livros mais dramáticos, o “Pequeno Príncipe” é para você. É um livro que, à primeira vista, é sobre um menininho aventureiro e sensível, mas com o olhar mais aguçado de quem já viveu muito neste mundo, percebe-se as mensagens belíssimas e tocantes que a obra traz sob perspectiva inocente da criança. Aviso que a leitura é rápida e fará com deseje mais, além disso, recomendo que mantenha uma caixinha de lenços de papel ao seu lado.
Mas se é fã de suspense e terror, Coraline é um livro que o fará se arrepiar, mesmo já não tendo medo do escuro ou do bicho-papão. A história é de uma menina que se mudou para uma velha mansão e que divide o lar com vizinhos excêntricos, entediada e com pouca atenção dos pais, torna-se uma presa fácil para a Outra Mãe, entidade que habita o lugar. Também foi adaptado para cinema, mas recomento primeiro a leitura e depois confira o filme, é o combo perfeito para o Dia das Crianças no mesmo mês do Halloween.
Gosto de pegar esses livros quando estou com ressaca literária, são obras leves e divertidas, com leitura fluida e poucas páginas. Espero que essas dicas os façam repensar que literatura infanto-juvenil não é bobinha, pelo contrário, são as aventuras empolgantes, nostálgicas e com boas mensagens que podem agradar leitores de qualquer idade.
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