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Luminária: True crime e o sucesso da literatura policial

Já percebeu a crescente de documentários, podcasts e perfis digitais que abordam sobre true crime? Livros, filmes e séries de ficção voltados para o suspense chegam ao topo dos mais consumidos nos streamings e nas plataformas de vendas. Uma matéria no Globo expôs que “As séries documentais cresceram 63% entre janeiro de 2018 e março de 2021, sendo o true crime o maior subgênero da categoria e o que cresce mais rápido entre todos os outros, incluindo esportes” e isso me chamou a atenção, pois faço parte desta estatística porque histórias policiais são uma das minhas favoritas.

Porém, esse novo mercado do entretenimento não é uma novidade, ao longo das décadas passadas o público consumiu tal conteúdo em uma mistura de adrenalina, identificação e curiosidade mórbida. Então encontre um local seguro, afugente o breu com a Luminária e vamos conversar um pouco sobre este tema.

A onda de true crime e o mercado da ficção

O gênero policial, com temática investigativa, suspense e até horror; é um dos mais consumidos nos Estados Unidos, através de livros, filmes, podcasts e, principalmente, filmes. Um exemplo de sucesso é a série “Dahmer: Um Canibal Americano”, sobre o serial killer Jeffrey Dahmer, e que quebrou recordes de audiência em sua primeira semana de exibição na Netflix.

Essa cultura dos dramas policiais também é vista aqui no Brasil, programas de TVs como o Linha Direta (1990 – 2024) e telejornalismo do Cidade Alerta (1995 – atual) alimentam a curiosidade e informam casos reais para a população. Atualmente, os podcasts com temática true crime renovam este mercado e entregam conteúdo sobre crimes através do YouTube e das plataformas de áudio (Spotify e Amazon Music, por exemplo).

Para a Revista Marie Clarie, a criminalista Ilana Casoy informa que o público feminino é o que mais consome conteúdos com temática true crime e explica “que existem duas reflexões interessantes: mulheres são maioria no número de vítimas de violência e crime no mundo […] facilitando o fator identificação. Além disso, consumir true crime é uma forma de entender como, porque e quando acontece, e o que podemos fazer se a violência, um dia, for contra nós”. Já a psicóloga clínica Gabriella Pessoa afirma que é as histórias violentas são o contato do público geral com o lado sombrio do ser humano, além de provocar curiosidade em compreender o porquê pessoas cometem tais crimes.

Sabendo disso, os escritores e roteiristas de ficção bebem dessa água, mancham as páginas de sangue e desenvolvem produções baseadas em casos reais. A adrenalina, a tensão e os plot twist são alguns artifícios explorados por tais criadores para proporcionar medo, indignação e/ou justiça nos consumidores deste conteúdo.

O sucesso da literatura policial

Note o quanto o público leitor gosta da temática investigativa: a autora de romances de suspense Freida McFadden e seu sucesso atual “A Empregada” vendeu mais de 02 milhões de cópias, sendo um dos mais vendidos da Amazon por 83 semanas e permaneceu 60 semanas na lista dos mais vendidos do The New York Times. Um dos meus escritores favoritos do gênero é Harlan Coben, com mais de 30 livros voltados para o suspense e o mistério, traduzidos para mais de 40 idiomas e que já venderam mais de 90 milhões de cópias. No ramo dos e-books, Blake Pierce esconde sua verdadeira identidade, mas é um fenômeno criativo com aproximadamente 50 obras publicadas, das quais sugiro “A Esposa Perfeita” que, na versão original, possui cerca de 46 mil avaliações na Amazon.  

No Brasil, destaco Raphael Montes como escritor e roteirista de maior sucesso no gênero de mistérios na atualidade. De acordo com a Forbes, ele é o escritor brasileiro mais vendido da Companhia das Letras em 2024, com 250 mil cópias neste ano. Nos quase oito anos nesta editora, a soma é de 850 mil exemplares. Ou seja, Raphael bateu a marca de 1 milhão de vendas de livros em um país conhecido como de poucos leitores.

“Quando comecei, todo mundo dizia que livro policial não vendia no Brasil, que ninguém gostava de ler suspense ou terror. Falaram que isso daria errado”, conta Raphael Montes, que veio saciar o público nacional “órfão” de dramas criminais.

Engana-se quem acredita que os romances policiais são sucessos apenas no século XXI. Da década de 70 até os anos 2000, Sidney Sheldon entreteve o seu público com romances de suspense incrementados com sensualidade, com mulheres talentosas e homens dúbios, abordando temas como fama, fortuna, intrigas, assassinatos, desaparecimentos e vinganças. Um dos meus preferidos deste autor é o “Nada Dura Para Sempre”, mas também recomendo “A Outra Face” e “O Reverso da Medalha”.

Nas décadas de 50 e 60, o advogado e autor brasileiro Luiz Lopes Coelho publicou obras creditadas como contendo a veracidade psicológica dos crimes locais, trazendo a realidade de São Paulo nas narrativas “A morte no envelope: contos policiais” (1957), “O homem que matava quadros” (1961) e “A ideia de matar Belina” (1968).

O escolhido

Um costume interessante dos escritores deste gênero é elencar um personagem principal e usá-los em várias histórias, interconectadas ou não. Por vezes, tais personagens são integrantes da polícia ou detetives particulares.

Harlan Coben, que mencionei aqui, possui uma série de livros com Myron Bolitar, já Blake Pierce escreve várias narrativas com Riley Paige. A Rainha do Crime, como também é conhecida Agatha Christie, entre as décadas de 1920 e 1970 não só trabalhou em cima do famoso detetive Hercule Poirot como também fez várias histórias investigativa com Miss Marple.

Sou suspeita ao falar do mais famoso detetive do universo literário, possuo a obra completa envolvendo tal personagem e estou lendo cada romance e cada conto de Sherlock Holmes, escrito por Arthur C. Doyle. Nos folhetins de 1887 a 1927, as investigações de Holmes divertiram a população e seu legado é tão grande que desde a década de 1930 até a atualidade há produções de teatros, filmes e séries que adaptam e recriam suas aventuras.

Não poderia deixar de mencionar o precursor dos detetives literários, o francês Auguste Dupin, criação de Edgar Allan Poe. A primeira vez que o personagem apareceu foi no livro “Os Assassinatos da Rua Morgue” (1841), seguido pelas histórias “O Mistério de Marie Rogêt” (1842) e “A Carta Roubada” (1844).

Diante disso, nota-se que o romance policial e a mídia true crime permeiam o imaginário da população em cima de uma temática por vezes violenta, mas que satisfaz a curiosidade humana. O consumo de mídias envolvendo a ficção investigativa é um fenômeno não só nacional, mas uma febre em outros países, e esta temática não é uma ocorrência exclusiva da atualidade, é vista também no decorrer das gerações passadas. Sandra Reimão, em 2024, pontuou que o crescimento do mercado de livros no Brasil e da aceitação do autor brasileiro configuram o crescimento e a consolidação da literatura policial. Assim, os romances investigativos abrem espaço nas listas dos mais vendidos, proporcionando um bom entretenimento a todos.

Luminária é a coluna literária na qual conversaremos sobre livros a cada quinze dias. Para mais conteúdos literários, acesse o portal.

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