A dica é: Não leia Akira se você é muito fã da animação! O programa Entre Balões e Quadros encerrou, neste domingo (25/08/2024), o ciclo dedicado a Akira, obra de Katsuhiro Otomo. Um dos maiores símbolos do cinema japonês, o filme difere completamente da obra original, o mangá, tendo apenas o título e os personagens em comum.
Vale ressaltar a importância de não consumir a animação e o mangá de forma comparativa, pois uma pode anular o prazer da outra: para os fãs da animação, infelizmente, após ler o mangá, não é possível assistir ao filme com os mesmos olhos. Entretanto, esta análise, assim como o podcast, será focada exclusivamente na obra impressa.
Otomo já declarou ser um grande entusiasta do cinema, e isso fica extremamente claro ao ler Akira. Folhear o mangá é como ver um grande storyboard, como se você conseguisse visualizar pequenas cenas animadas em cada quadro desenhado. Esse fator é o maior diferencial da obra de Katsuhiro Otomo, pois a fluidez que isso traz é algo raro, visto em pouquíssimas obras da atualidade. O autor consegue, com maestria, criar cenas frenéticas, com velocidade e pura ação, o que nos permite afirmar que Akira é praticamente um mangá vivo. Entretanto, em determinados momentos, essa abordagem um tanto caótica atrapalha o desenvolvimento da história. Essa velocidade faz com que seus personagens, embora carismáticos, sejam mal construídos e pouco desenvolvidos, o que também ocorre com o universo em que estão inseridos.





A sensação ao finalizar Akira é que várias portas são abertas ao longo dos seis volumes; entretanto, pouquíssimas são fechadas. A crítica aqui não é aos finais abertos, mas sim à ausência de explicações essenciais para uma melhor compreensão da obra. Um exemplo disso é o poder psíquico central da trama: não há uma delimitação clara de força, limites ou origem, o que acaba servindo como desculpa para Otomo fazer o que bem entender, sem grandes explicações.
Akira é uma ótima obra, mas não memorável. Podemos dizer que ela conseguiu envelhecer bem, mas, diante de todas as histórias inovadoras às quais somos apresentados quase que diariamente, a história de Katsuhiro Otomo não traz nada de realmente novo.
Akira é uma obra de Katsuhiro Otomo completa em seis volumes. No Brasil, a obra é publicada pela editora JBC.
Nenhuma matéria relacionada.