Neil Young, músico e compositor canadense nascido em 12 de Novembro de 1945, se juntou a banda britânica The Cure na briga contra a Ticketmaster. Neil anunciou que sua turnê, que tem seus ingressos comercializados pela Ticketmaster, não terá a modalidade Platinum. Esta modalidade de ingresso tem a particularidade de variar conforme a demanda, o clima… enfim, conforme fatores que ainda não estão bem claros para os consumidores. A princípio, a questão parece de pequena relevância, porém o problema é muito maior do que imaginamos e no Brasil ainda não estamos enfrentando as maiores consequências desta questão.
Em países como o Reino Unido e na América do Norte, a briga com a Live Nation – detentora da plataforma de vendas Ticketmaster, já dura alguns anos. Inclusive em 2024, o procurador geral dos EUA, Merrick Garland e o DOJ (Departamento de Justiça dos EUA) iniciaram um processo junto com mais 20 estados americanos visando acabar com a empresa. Nos EUA, a Live Nation detém hoje cerca de 80% do mercado de venda de ingressos. Mas qual o problema disto e porque artistas como Neil Young e The Cure se juntarem contra a empresa pode ser tão importante para o público?

A questão toda é se a suposta demanda que existe é de fato real. Tanto no Reino Unido quanto na América do Norte, a Live Nation possui uma espécie de quase monopólio de venda para shows. Muitos shows, quando a venda de ingressos é lançada, as entradas esgotam em questão de minutos, fazendo com que muitos fãs fiquem sem o ingresso. O que chamou atenção das autoridades é que, rapidamente após este ‘esgotamento’ no Ticketmaster, surgiam entradas disponíveis em sites como Viagogo e similares. O Viagogo é um site de ‘venda secundária’, aonde fãs que compraram o ingresso inicialmente para o evento e, por ventura, não poderão ir podem revender suas entradas – e geralmente fazem isto por um valor superior ao valor original. Mas por que isto incomodou as autoridades? Eles perceberam que a própria Live Nation era dona de sites como o Viagogo. Ou seja, o ingresso era lançado por exemplo por R$ 100 reais no Ticketmaster, rapidamente esgotava, e os fãs só tinham opção de comprar em outros sites como Viagogo por um novo valor, às vezes 2, 3 vezes superior ao original. A discussão das autoridades é se esta prática se configura uma fraude, uma criação de demanda ilusória, que faz os fãs terem a sensação de que a demanda é muito maior do que realmente é, os fazendo dispender de muito mais recursos pelo mesmo serviço.
Nos últimos anos esta briga entre a empresa e as autoridades têm se intensificado, com fãs de artistas como Taylor Swift e Drake se manifestando insatisfeitos com os serviços de venda de ingressos. Em Quebec, a LPC Advocat iniciou um processo contra a empresa afirmando que a Ticketmaster “intencionalmente engana os consumidores para seu próprio ganho financeiro”. Durante a Eras Tour de Taylor Swift, uma ação coletiva federal nos EUA foi criada, bem como outra na Califórnia.

No Brasil, este problema era mais conhecido pelos famosos cambistas, quando os ingressos eram vendidos em pontos de lojas físicos. Com o recente aumento das vendas onlines, empresas estão cada vez mais dominando o mercado e a controvérsia deverá crescer nos próximos anos. É importante estar atento para debater se é necessário impor limites a estas práticas ou não. De um lado, empresas defendem que não há nada de errado se os fãs pagam pelos ingressos. De outro, agências reguladoras e a sociedade tentam se defender evitando que cartéis e monopólios cobrem valores abusivos por serviços e produtos.

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