Ainda Estou Aqui brilhou na 12ª edição dos Prêmios Platino do Cinema Ibero-Americano neste domingo (27). A produção venceu como melhor filme ibero-americano. Além disso, Fernanda Torres conquistou o prêmio de melhor atriz, e Walter Salles levou a estatueta de melhor direção. Foi a primeira vez na história da premiação que o Brasil conquistou tais categorias.
A cerimônia foi realizada no Palácio Municipal IFEMA Madrid, na capital da Espanha. Embora Fernanda Torres e Walter Salles não tenham comparecido, Valentina Herszage recebeu o prêmio de melhor atriz em nome de Torres.

Valentina em seu discurso, leu a carta que Fernanda Torres escreveu:
“Eu gostaria muito de poder estar presente esta noite, mas, infelizmente, isso não foi possível devido a compromisso de trabalho. Quero dizer que é uma honra imensa receber esse prêmio. Sou fruto da cultura ibero-americana, a península Ibérica é minha segunda casa e esse reconhecimento reforça em mim o orgulho de fazer parte de uma força cultural que no cinema pariu artistas como Luis Buñuel, Pedro Almodóvar, Alejandro Iñarritu, Alfonso Cuarón, Ricardo Darín, Norma Alejandro, Penélope Cruz, Javier Barden, Marisa Paredes, de Glauber Rocha a Fernanda Montenegro”- começou o relato.
“Esse é um filme sobre uma família, feito por uma família de artistas e fico feliz de receber pelas mãos de Valentina Herszage, minha filha na ficção, que representa não só a mim aqui nesta noite, mas também ao Selton, a Luiza, a Bárbara, ao Guilherme e a Cora, sem eles, a minha Eunice jamais existiria. Eu agradeço profundamente ao Walter Salles, meu irmão, amigo e parceiro de tantas décadas, a honra de ter habitado a pele dessa mulher. Walter é o coração desse filme raro, tão humano e delicado, sobre a brutalidade da ditadura militar do Brasil, uma das tantas que se espalharam pelas Américas no período da Guerra Fria. Através de Eunice Paiva revisitei o horror da ditadura que conheci em criança. Essa grande brasileira, advogada, democrata e defensora dos direitos humanos nos ensina, no momento presente, a resistir com alegria e civilidade, sem nos dobrarmos ao autoritarismo. Em nome da Família Paiva, de Marcelo Paiva, e de todo aqueles que defenderam a arte e a democracia, eu repito: ditadura nunca mais! Muito obrigada,”- finalizou

Já Rodrigo Teixeira, produtor do longa, representou Walter Salles, que referenciou Cacá Dieges em seu discurso.
“É uma honra receber este prêmio em uma categoria onde tenho tanta admiração pelos diretores indicados. Obrigado ao Prêmio Platino por nos lembrar que o cinema latino-americano é nossa casa. Gostaria de dedicar este prêmio ao mestre que nos deixou a pouco, Carlos Diegues, diretor de filmes fundamentais, como “Bye Bye Brasil”, fundador do Cinema Novo e um dos cineastas que pensou o cinema de forma mais democrática, inclusive. Carlos era um admirador do cinema latino-americano e foi fundamental para que o filmes, como o nosso, pudessem estar aqui hoje. Em um momento de fragilização da democracia no mundo, em um tempo que se tenta borrar a nossa memória, pensadores como Carlos Diegues nos lembrarem o quanto o cinema é fundamental para combater o esquecimento. Obrigado”, pronunciou Teixeira no texto escrito por Salles.
Um filme vencedor marcado pelo ineditismo
A trajetória de Ainda Estou Aqui vem sendo marcada pelo ineditismo em diversas premiações. Em março o filme venceu o Oscar 2025 de Melhor Filme Internacional e garantiu a primeira vitória do Brasil no Oscar. Além disso, a produção também disputou outras duas estatuetas, a de melhor Filme (também a primeira vez de uma produção brasileira na categoria) e de melhor atriz, com Fernanda Torres. Antes da consagração no Oscar, Fernanda Torres já havia marcado um feito inédito. Ela levou o primeiro Globo de Ouro da história do Brasil como melhor atriz.
Com base no livro de Marcelo Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui marca o primeiro filme Original do Globoplay. A trama narra a jornada de Eunice Paiva (interpretada por Fernanda Torres), advogada e militante, que dedicou quatro décadas à busca pela verdade sobre o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva (vivido por Selton Mello), ex-deputado assassinado durante a ditadura militar.
A produção está disponível no Globoplay.
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