Para os aficionados em romances (como esta que vos fala), o filme “Todo Tempo Que Temos”, chega como uma pedra preciosa – e necessária – no universo do gênero. O longa que estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 31 conta com direção de John Crowley e roteiro assinado por Nick Payne.
O filme conta a história de amor de Almut (Florence Pugh), uma chef de cozinha em ascensão, e Tobias (Andrew Garfield), um homem recém-divorciado. Os dois se conhecem por acaso e a trama acompanha o desenrolar desse romance por anos, passando desde o dia em que Almut e Tobias se encontram pela primeira vez, até depois que os dois começam a formar uma família.
Antes de tudo, é preciso dizer que Pugh e Garfield exalam uma química de dar inveja, e que dá gosto de assistir. Cada risada, olhar e beijo são tão reais e palpáveis que é impossível não se apaixonar e torcer pelo casal. Ou melhor, é impossível não querer viver um romance como o que é mostrado na tela.
No melhor sentido da palavra, o filme é um clichê e segue a receita clássica dos romances: garoto conhece garota, eles se apaixonam e no meio disso vários altos e baixos acontecem. Nada de novo, e o filme também nem se propõe a inventar a roda.
O roteiro de “Todo Tempo Que Temos” usa muito bem os conceitos já conhecidos de um romance. A inovação, no entanto, está na forma de passar essa história para o público, já que o filme não é contado de maneira linear, trazendo uma mistura entre o passado e o presente na vida do casal.
Enquanto já sabemos que eles vivem juntos e tem uma filhinha, também somos levados ao início da relação, quando Almut atropela Tobias sem querer. O filme vai construindo de forma muito dinâmica o enredo do casal ao mesmo tempo que nos leva para diferentes pontos da história deles.
Tratando-se de uma trama relativamente comum, a montagem não linear foi uma escolha inteligente e importante, não só para elevar a qualidade do longa, mas também para destacá-lo em meio a outros do gênero.
A trama não se torna menos interessante por ser um clichê, muito pelo contrário. Mesmo que seja até fácil de prever os acontecimentos e desdobramentos da história, o filme consegue despertar o interesse durante todo o tempo. Isso, sem dúvida, evidencia não apenas a excelente construção do roteiro, mas também uma direção afiada e um elenco muito bem escolhido.
As atuações são o ponto alto de “Todo Tempo Que Temos”, desde os personagens principais e secundários, até aqueles que aparecem por poucos minutos. Um bom exemplo são Jane (Kerry Goldliman) e Sanjaya (Nikhil Parmar), os funcionários do posto de gasolina onde Almut dá a luz. Ambos adicionam tanto na cena que é difícil imagina-la sem eles. Além de Pugh e Garfield, outros atores, como a assistente de cozinha Jade (Lee Braithwaite) e a pequena Ella (Grace Delaney), todos, absolutamente todos, conseguem cumprir o seu papel com maestria, seja qual for o tempo de tela.
Mesmo trazendo assuntos mais densos, como o câncer, que é um dos principais fios condutores da trama, o filme consegue passar a sua mensagem com sutileza e sensibilidade. Sim, de fato a história é um tanto quanto melodramática principalmente quando se encaminha para o final, mas mesmo assim não há um exagero nem nas imagens nem nas reações dos personagens.
Em meio a momentos mais emocionantes, o filme também consegue fazer rir. Em diversas cenas somos levados a soltar pequenos sorrisos enquanto vemos Almut e Tobias interagindo. Importante dizer que o humor é usado não só como um ponto de quebra, mas também para trazer um contexto de naturalidade e realidade dentro da história. Esses “alívios cômicos” não são aleatórios, muito menos toscos, e acabam por se encaixar muito bem no meio da trama.
“Todo Tempo Que Temos” é um daqueles filmes perfeitos para assistir em uma noite fria e chuvosa, junto de uma boa companhia, pipoca e muito chocolate. Feito para rir, chorar, e principalmente emocionar, o filme com certeza vai entrar na lista de preferidos dos românticos incuráveis, e não é para menos, porque ele com certeza vale um lugar no ranking de melhores romances.