Com aproximadamente 350 atrações em mais de 70 espaços de Curitiba e Região Metropolitana, o Festival de Curitiba divulgou a programação oficial de sua 33ª edição, que ocorre de 24 de março a 6 de abril, um dos grandes destaques dentro da Mostra Lucia Camargo está a tragédia Rei Lear, da Cia Extemporânea, posicionada entre os melhores espetáculos pela Folha de São Paulo no último ano, que conecta a dramaturgia shakespeariana ligada à vida da drag queen contemporânea.
A montagem tem direção de Ines Bushatsky e traz no elenco Alexia Twister, Antonia Pethit, DaCota Monteiro, Ginger Moon, Lilith Prexeva, Maldita Hammer, Mercedez Vulcão, Thelores e Xaniqua Laquisha. O dramaturgo João Mostazo assina a adaptação do texto. Rei Lear estará em cartaz nos dias 31 de março e 1 de abril às 20h30 no Guairinha.
Na trama Lear, rei da Bretanha, decide dividir o reino entre as suas três filhas, Cordelia, Regan e Goneril. Porém, Cordelia se recusa a participar do ritual de passagem da coroa, e o rei, furioso, a condena ao exílio. O exílio de Cordelia põe em marcha a completa desagregação do reino. Sem coroa, traído pelas filhas e vendo seu reino à beira da guerra, Lear afunda em uma espiral de loucura.
“O Festival de Curitiba é uma celebração vibrante do teatro, da arte e da cultura, levando uma programação diversificada e de qualidade ao público com o compromisso de inovar e proporcionar boas histórias, tendo parte de sua programação gratuita e acessível, buscando a pluralidade e promovendo a arte e a economia de Curitiba e região”, explica o diretor do Festival de Curitiba, Leandro Knopfholz.
O espetáculo traz os elementos da dramaturgia shakespeariana clássica para a linguagem drag contemporânea, sem que nem uma nem outra se desfigurem no processo – isso é, sem que Shakespeare perca em poesia e tragicidade, e sem que a drag se descaracterize naquilo que ela tem de mais autêntico: a dissolução das fronteiras estéticas e o desafio aos papéis tradicionais de gênero.
A adaptação da tragédia Rei Lear, de William Shakespeare (1564-1616), rendeu reconhecimento em importantes prêmios do teatro. Alexia Twister foi indicada ao Prêmio Shell de Teatro como Melhor Ator por sua atuação na peça. A companhia A Extemporânea recebeu o Prêmio Arcanjo na categoria Teatro – Prêmio Especial, por “renovar Shakespeare com Drags”. DaCota Monteiro foi indicada ao Prêmio Prio de Humor pela sua incrível performance no espetáculo.
Como conta a diretora Ines Bushatsky, “quem está em cena é aquilo que, ao longo do processo, chamamos de ‘a drag total’. Para além da comicidade em que já estamos habituados a vê-la, é a drag nesse registro trágico. Vamos do cômico ao trágico, do performático ao teatrão, às vezes dentro de uma mesma cena”.
Ginger Moon complementa: “embora nunca tenha saído dos palcos, infelizmente durante muito tempo a drag ficou fora do teatro mais mainstream. Isso está mudando, mas ainda é pouco perto da quantidade de drag queens, drag queers e drag kings talentosas que existem”. Para ela, ainda, o processo de criação do espetáculo foi uma oportunidade de conviver com outras artistas drag em um espaço diferente das festas e baladas. “Muitas vezes a drag é uma arte solitária. A gente acaba tendo que fazer tudo sozinha, do figurino à maquiagem e à produção, além da performance”. Nos ensaios, conta, o elenco descobriu novas formas de companheirismo e irmandade.
“A arte drag é ampla e multifacetada, no elenco convivem perspectivas estéticas diferentes, e complementares. Não existe só uma maneira de fazer drag, as possibilidades são inúmeras. Assim, o espetáculo contribui para mostrar também a diversidade desse universo”, complementa a diretora.
Reunindo espetáculos teatrais premiados e aclamados pelo público, assim como estreias nacionais, dança, circo, humor, música, oficinas, shows, performances e gastronomias, o Festival de Curitiba inicia as vendas de ingressos nesta quinta-feira (6) pelo site oficial www.fesivaldecuritiba.com.br e pela bilheteria física no Shopping Mueller (Av. Cândido de Abreu, 127 – Piso L2, Centro Cívico).