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Never Flinch: trecho do novo livro de Stephen King, é divulgado

Aos fãs do mestre Stephen King, mais um motivo de felicidade chegou, no último dia 18. O site Entertainment Weekly divulgou um trecho de “Never Flinch”, novo livro do autor, que será lançado em breve.

SOBRE O ENREDO

Como já é comum nos livros de Stephen King, em “Never Flinch” diversos enredos serão entrelaçados. O leitor irá acompanhar tanto a história de um assassino diabólico consumido por um desejo de vingança, quanto um vigilante, o qual persegue uma palestrante feminista.

A trama envolve o envio de uma carta ao departamento de polícia, prometendo a morte de diversos inocentes e um único culpado, em “um ato de expiação pela morte desnecessária de um homem inocente”. Unida a isso, teremos a presença de uma adorada personagem de King, Holly Gibney.

O site Entertainment Weekly divulgou um trecho de “Never Flinch”, novo livro de Stephen King que será publicado em 2025.

CONFIRA O TRECHO DE “NEVER FLINCH”

Trig

1

Março, e o tempo está miserável. O Straight Circle se reúne no porão da Igreja Metodista da Buell Street todos os dias úteis, das quatro às cinco da tarde. Tecnicamente é uma reunião de Narcóticos Anônimos, mas muitos alcoólicos também comparecem; o Straight Circle costuma estar lotado. É primavera no calendário há quase uma semana, mas em Buckeye City — também conhecida como o Segundo Erro às Margens do Lago, sendo Cleveland o primeiro — a primavera real chega tarde. Quando a reunião termina, uma fina garoa paira no ar. Ao anoitecer, ela engrossará e se tornará chuva congelada.

Duas ou três dúzias de participantes se reúnem perto do cinzeiro comunitário na entrada e acendem cigarros, porque consumir nicotina ainda é um dos dois vícios que lhes restam, e, depois de uma hora no porão, eles precisam desse alívio. Outros, a maioria, viram à direita e seguem para The Flame, uma cafeteria a um quarteirão dali. Café é o outro vício que ainda podem satisfazer.

Um homem é parado pelo Reverendo Mike, que também frequenta essa reunião e muitas outras regularmente; o reverendo é um viciado em opioides em recuperação. Nas reuniões (ele participa de duas ou três por dia, inclusive nos fins de semana), ele se apresenta dizendo: Amo a Deus, mas, fora isso, sou só mais um viciado. Isso sempre recebe acenos e murmúrios de aprovação, embora alguns veteranos o considerem um pouco cansativo. Eles o chamam de “Big Book Mike” por seu hábito de citar (textualmente) longos trechos do manual dos Alcoólicos Anônimos.

Agora, o reverendo dá um aperto de mão caloroso no outro homem. Não estou acostumado a te ver por aqui, Trig. Deve morar no interior.

Trig não mora, mas não corrige. Ele tem suas razões para frequentar reuniões fora da cidade, onde é menos provável ser reconhecido, mas hoje era uma emergência: ir a uma reunião ou beber, e, depois do primeiro gole, todas as escolhas desapareceriam. Ele sabe disso por experiência própria.

Mike põe a mão no ombro do outro homem. No que você compartilhou, Trig, parecia perturbado.

Trig é um apelido de infância. É assim que ele se apresenta no início das reuniões. Mesmo em reuniões de AA e NA fora da cidade, ele raramente fala além dessa identificação inicial. Em reuniões dinâmicas, ele geralmente diz: Só quero ouvir hoje, mas, nesta tarde, ele levantou a mão.

Sou Trig, e sou alcoólatra.

Oi, Trig, respondeu o grupo. Estavam no porão, e não na igreja, mas ainda havia aquela dinâmica de chamada e resposta de reunião de avivamento. O Straight Circle é, na verdade, a Igreja dos Que Caíram e Queimaram.

Só quero dizer que estou muito abalado hoje. Não quero dizer mais nada, mas precisava compartilhar isso. É tudo o que tenho. Houve murmúrios de Obrigado, Trig e Aguente firme e Continue voltando. Agora, Trig diz ao reverendo que está perturbado porque descobriu que perdeu alguém que conhecia. O reverendo pede mais detalhes — insiste, na verdade —, mas tudo o que Trig diz é que a pessoa que está lamentando morreu na prisão.

Vou orar por ele, diz o reverendo.

Obrigado, Mike.

Trig se afasta, mas não em direção ao The Flame; ele anda três quarteirões e sobe os degraus da biblioteca pública. Precisa sentar e pensar no homem que morreu no sábado. Que foi assassinado no sábado. Que foi esfaqueado no sábado, no chuveiro da prisão.

Ele encontra uma cadeira vazia na Sala de Periódicos e pega um exemplar do jornal local, só para ter algo em mãos. Abre-o em uma matéria da página quatro sobre um cachorro perdido recuperado por Jerome Robinson, da agência Finders Keepers. Há uma foto de um jovem negro sorridente e bonito com o braço em torno de um cachorro grande, talvez um labrador retriever. A manchete é uma só palavra: ENCONTRADO!

Trig olha através dela, pensativo.

Seu nome real apareceu nesse mesmo jornal três anos atrás, mas ninguém fez a conexão entre aquele homem e o que frequenta reuniões de recuperação fora da cidade. Por que fariam, mesmo que houvesse uma foto dele (o que não havia)? Aquele homem tinha uma barba levemente grisalha e usava lentes de contato. Esta versão está de rosto limpo, usa óculos e parece mais jovem (parar de beber faz isso). Ele gosta da ideia de ser alguém novo. Isso também o pesa. Este é o paradoxo com o qual vive. Isso, e pensar em seu pai, o que ele tem feito com mais frequência ultimamente.

Deixe isso para lá, ele pensa. Esqueça.

Isso é em 24 de março. O esquecimento dura apenas treze dias.

2

Em 6 de abril, Trig senta-se na mesma cadeira da Sala de Periódicos, encarando a reportagem de destaque no jornal de domingo de hoje. A manchete não apenas fala, ela grita: “BUCKEYE BRANDON: PRESIDIÁRIO ASSASSINADO PODIA SER INOCENTE!” Trig leu a reportagem e ouviu o podcast de Buckeye Brandon três vezes. Foi o autoproclamado fora da lei das ondas de rádio quem revelou a história, e, segundo Buckeye, não havia podia ser nisso. A história era verdadeira.

“O que você está pensando em fazer é loucura,” ele diz a si mesmo. O que é verdade.

“Se fizer isso, nunca poderá voltar atrás,” ele diz a si mesmo. Isso também é verdade.

“Uma vez que começar, terá que continuar,” ele diz a si mesmo, e isso é o mais verdadeiro de tudo. O mantra de seu pai: “Você tem que ir até o amargo fim. Sem hesitação, sem desviar o olhar.”

E… como seria? Como seria para ele fazer tais coisas?

Ele precisa pensar mais. Não apenas para obter clareza sobre o que está considerando fazer, mas para colocar um intervalo de tempo entre o que descobriu, graças a Buckeye Brandon (e também a esta reportagem), e os atos — os horrores — que pode cometer, para que ninguém faça a conexão.

Ele se pega lembrando a manchete sobre o jovem que recuperou o cachorro roubado. Era simples: “ENCONTRADO!” Tudo o que Trig consegue pensar é no que perdeu, no que fez e nas reparações que deve fazer.

LANÇAMENTO

“Never Flinch” será publicado nos EUA no dia 27 de maio de 2025. Infelizmente, ainda não há data confirmada para o lançamento no Brasil.

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