A corrida pelo Oscar 2026 já está em andamento, e a Academia Brasileira de Cinema revelou os seis filmes finalistas que disputam a chance de representar o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional. A decisão final será somente no dia 15 de setembro, e os escolhidos terão a oportunidade de brilhar no palco da maior premiação cinematográfica do mundo.
O Agente Secreto – Kleber Mendonça Filho
Dirigido por Kleber Mendonça Filho e estrelado por Wagner Moura, “O Agente Secreto” é um thriller político que mergulha nas tensões da ditadura militar brasileira. O filme conquistou três prêmios no Festival de Cannes 2025, incluindo Melhor Direção, Melhor Ator e o Prêmio da Crítica.

O longa se ambienta no Brasil de 1977, narrando a história de Marcelo, um professor de tecnologia, que deixa São Paulo e parte para Recife. Ele deseja escapar de um passado marcado pela violência e pelo mistério.
No entanto, sua chegada coincide com a semana do Carnaval, e rapidamente a tranquilidade aparente da cidade se dissolve. Com o passar dos dias, Marcelo percebe que atraiu justamente o caos do qual sempre tentou fugir. Para agravar ainda mais a situação, descobre que seus vizinhos o espionam e que Recife, ao invés de ser o refúgio que idealizara, revela-se um espaço de tensão e desconfiança.
O Último Azul – Gabriel Mascaro
Num Brasil distópico, uma mulher de 77 anos é forçada a abandonar sua cidade na Amazônia para residir numa colônia habitacional exclusiva para idosos. Antes de seguir para o exílio forçado, ela deseja realizar seu último desejo de vida, embarcando numa jornada pelos rios e afluentes da região.

O filme recebeu o Urso de Prata no Festival de Berlim 2025, destacando-se pela sua abordagem sensível e cinematografia impressionante. Com Rodrigo Santoro no elenco, a produção recebeu diversos elogios da crítica internacional.
Baby – Marcelo Caetano
“Baby”, segundo longa-metragem do aclamado diretor Marcelo Caetano foi selecionado para a 63ª Semana da Crítica do Festival de Cannes 2024. O título faz referência ao apelido de Wellington (João Pedro Mariano), um jovem recém-saído de um centro de detenção que tenta se encontrar nas ruas de São Paulo.

Durante uma ida a um cinema especializado em produções pornográficas, Baby cruza o caminho de Ronaldo (Ricardo Teodoro), um garoto de programa que o acolhe como protegido e se dispõe a apresentar as astúcias necessárias para sobreviver. A partir desse encontro, nasce uma relação intensa e conflituosa, marcada por uma dinâmica ambígua entre exploração e cuidado, ciúme e cumplicidade.
Ricardo Teodoro ganhou o Prêmio Grande Otelo de Melhor Ator Coadjuvante pela sua atuação no filme.
Kasa Branca – Luciano Vidigal
“Kasa Branca”, “dirigido e roteirizado por Luciano Vidigal, acompanha a trajetória de Dé (Big Jaum), Adrianim (Diego Francisco) e Martins (Ramon Francisco), três adolescentes negros que crescem na periferia da Chatuba, em Mesquita, no Rio de Janeiro. Inspirado em histórias reais, o longa destaca a relação de afeto e cuidado entre Dé e sua avó, Dona Almerinda.

Sem qualquer estrutura familiar de apoio, o jovem assume sozinho a responsabilidade de cuidar da idosa, que enfrenta o Alzheimer, além de garantir a sobrevivência de ambos. Entre os aluguéis atrasados e o alto custo dos remédios da avó, a rotina de Dé já é marcada por dificuldades. No entanto, tudo se intensifica quando ele recebe a dura notícia de que Dona Almerinda está em fase terminal da doença.
Diante dessa realidade, Dé toma uma decisão: aproveitar os últimos dias de vida da avó ao lado dela e de seus inseparáveis amigos, transformando a dor em uma jornada de afeto, companheirismo e resistência.
Manas – Marianna Brennand
“Manas” narra a trajetória de Marcielle (Jamilli Correa), uma adolescente de apenas 13 anos que cresce em um ambiente permeado por violências na periferia onde vive. Residente da Ilha de Marajó, no Pará, ela mora com o pai, Marcílio (Rômulo Braga), a mãe, Danielle (Fátima Macedo), e três irmãos. No entanto, sua vida muda drasticamente quando enfrenta a ausência da irmã mais velha, Claudinha, que partiu para longe após se envolver com um homem que transitava pela bacia hidrográfica da região.

A partir dessa perda, Marcielle amadurece e passa a enxergar o mundo de outra maneira. Com o tempo, percebe que seus sonhos e expectativas estão aprisionados em um espaço marcado por dor e opressão. Assim, movida pela preocupação com a irmã mais nova e pela consciência de que o futuro lhe oferece poucas perspectivas, ela toma a decisão de enfrentar a engrenagem violenta que aprisiona sua família e subjuga as mulheres de sua comunidade.
Oeste Outra Vez – Erico Rassi
Ambientado no sertão de Goiás, “Oeste “Outra Vez” acompanha Totó (Ângelo Antônio) e Durval (Babu Santana), dois homens cujas trajetórias se cruzam de maneira trágica. Ambos foram abandonados pela mesma mulher e, a partir desse ponto, alimentam uma rivalidade intensa e devastadora.

O longa investiga a angústia e a amargura de personagens que se veem à deriva sem o amparo de quem amavam. À medida que confrontam a própria vulnerabilidade, Totó e Durval mergulham em um duelo brutal. Suas disputas pessoais simbolizam o embate entre tradições e a inevitável passagem do tempo.
No sertão, cada gesto e cada silêncio transformam o espaço em um palco onde honra, orgulho e desespero se entrelaçam. Pouco a pouco, as cicatrizes de um passado marcado por desilusões e perdas irreparáveis vêm à tona. Durante a narrativa, cada confronto eleva a tensão e revela a essência de homens moldados pelo isolamento.
O filme foi o grande vencedor do Festival de Gramado 2024, conquistando três prêmios, incluindo Melhor Filme e Melhor Fotografia.
Nos resta torcer para que o escolhido de fato chegue ao Oscar 2026. Porém já deixamos aqui registrada a nossa aposta: novamente “nós vamos sorrir, sorriam!”
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