Depois do arrasa-quarteirão “A Aforista”, Cia.Stavis-Damaceno, de Curitiba, tenta repetir sucesso em novo trabalho, que tem sessões esgotadas nos dias 5 e 6 de abril, no Guairinha, dentro da Mostra Lucia Camargo do Festival de Curitiba.
Em “Nebulosa de Baco”, Rosana Stavis faz uma atriz veterana com a missão de ajudar uma novata a interpretar uma das personagens mais difíceis de sua vida, vítima de abuso sexual na infância. “O que é a verdade para o ator?”, questiona Damaceno. “Essa é uma questão inesgotável, tanto quanto a existência de Deus para a humanidade. As atrizes tentam convencer a si mesmas das invenções que estão criando. É um trabalho conturbado, esse de interpretar histórias”, filosofa.
“A dificuldade foi controlar a nossa própria expectativa, a nossa ansiedade, e também o nosso ego”, admite Damaceno, que como sempre assina texto e direção. Para escrever, ele foi buscar inspiração na obra do dramaturgo, poeta e romancista italiano Luigi Pirandello, vencedor do Nobel de Literatura, e que tem como tema recorrente o metateatro, a fronteira entre o real e a representação do real.



Para o papel da aprendiz incapaz de chorar no palco, a Cia.Stavis-Damaceno escalou a também curitibana Helena de Jorge Portela, filha a lendária Claudete Pereira Jorge.
“A Helena está um escândalo”, elogia o diretor. “É uma peça muito intensa, com mudanças repentinas, que vai da comédia pro drama e do drama pra comédia. Precisávamos de alguém que jogasse de igual pra igual com a Rosana no palco. Em Curitiba, não podia ser outra.”
“Antes de tudo, é uma peça que valoriza a dúvida. O que aconteceu e o que não aconteceu? E quanto pessoas abusivas podem também se fazer passar por outra coisa?”, continua. “O espetáculo se debruça sobre várias coisas ao mesmo tempo, como é próprio dos dias de hoje, sempre um turbilhão na cabeça de cada um”, diz, antes de demonstrar preocupação com questões como a atual epidemia mundial de desinformação e a entrada em cena das inteligências artificiais.
E a propósito, já que tocamos no assunto, pra onde ele acha que vai o jogo entre verdade e mentira fora dos palcos, no que chamamos de vida real? “A gente está ferrado”, afirma, antes de contemporizar: “As expectativas não são nada boas, mas não há mal que sempre dure”, finaliza.
A Mostra Lucia Camargo no Festival de Curitiba é apresentada por Petrobras, Sanepar – Governo do Estado do Paraná, CAIXA e Prefeitura de Curitiba, com patrocínio de CNH Capital – New Holland, EBANX, ClearCorrect – Neodent, Viaje Paraná – Governo do Estado Paraná e Copel – Pura Energia, além do patrocínio especial da Universidade Positivo.

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