O medo nem sempre precisa de som, jumpscares ou sombras em movimento. Nos quadrinhos de terror, ele se espalha pelos traços, pelas pausas entre os quadros e pelo silêncio que só a leitura pode oferecer.
Selecionamos cinco obras essenciais, algumas clássicas e outras contemporâneas, que redefinem o que significa sentir medo no papel.
Uzumaki – Junji Ito
Ninguém entende o horror do cotidiano como Junji Ito. Em Uzumaki, o autor transforma o simples formato de uma espiral em uma maldição irresistível que devora uma pequena cidade japonesa. A narrativa combina horror cósmico e grotesco, enquanto os traços detalhados de Ito fazem cada página parecer viva e pulsante.
É uma leitura que causa desconforto físico, um clássico absoluto do mangá de horror psicológico.

Gideon Falls – Jeff Lemire e Andrea Sorrentino
Misturando mistério sobrenatural e paranoia urbana, Gideon Falls acompanha dois protagonistas: um homem obcecado por encontrar fragmentos de um celeiro maligno e um padre recém-chegado a uma cidade que guarda segredos antigos.
A arte fragmentada de Andrea Sorrentino, combinada ao roteiro preciso de Jeff Lemire, cria uma experiência visual claustrofóbica, como se o próprio leitor estivesse sendo observado. Uma HQ premiada que redefine o horror moderno nos quadrinhos ocidentais.

Contos Macabros de Kanako Inuki
Conhecida como a “Rainha do Horror Shojo”, Kanako Inuki entrega histórias curtas e cruéis, com temas que vão de vinganças infantis a fantasmas vingativos. Suas ilustrações misturam traços delicados e expressões grotescas, criando um contraste que multiplica o desconforto.
Cada conto é uma pequena tragédia moral, onde o sobrenatural serve de espelho para os piores sentimentos humanos.

Harrow County – Cullen Bunn e Tyler Crook
Com ambientação rural e atmosfera de conto gótico, Harrow County acompanha Emmy, uma jovem que descobre ser a reencarnação de uma bruxa executada por seus vizinhos. As aquarelas de Tyler Crook dão um tom quase poético ao horror, criando uma estética de pesadelo campestre que mistura folk horror e drama emocional.
É uma história sobre identidade, medo e o peso da herança sombria.

Through the Woods – Emily Carroll
Through the Woods é uma coletânea de contos que parecem saídos de um pesadelo de infância. Com cores vibrantes e texto minimalista, Emily Carroll constrói histórias de terror psicológico e visual, onde florestas, casas isoladas e silêncios prolongados se tornam personagens por si só.
Cada página é uma pintura e, ao mesmo tempo, uma armadilha.

Esses cinco títulos mostram que o horror não depende de sons nem movimentos, apenas de imaginação, atmosfera e coragem de virar a próxima página.