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O Menino Rei

O Menino Rei: a união equilibrada entre ficção e realidade

O Menino Rei é um quadrinho brasileiro produzido por Filipe Pam, Olavo Costa e Mariane Gusmão, a obra é publicada pela editora Nemo. O quadrinho propõe contar a história de Tuthankhamun, um faraó egípicio peculiar que assume o trono ainda criança e consegue realizar algumas reformas importantes em Kemet(o território egípicio da época).

A obra pretende contar a história do faraó que poucos sabemos, quase todas as informações sobre Tuthankhamun só existem por meio de fragmentos, logo, a parte não conhecida sobre a história deste rei, que é a maioria, teve espaço para um trabalho fantástico de ficção por parte do autor, Filipe Pam. A cultura egípcia é implementada e dá sentido a algumas ações através das figuras dos deuses que protegem o povo de Kemet.

Esta fragmentação do que é conhecido também é refletida na obra por meio dos capítulos. Cada um destes conta com fragmentos curtos da história do faraó, afinal, o que se seba sobre esta história está realmente em partes. O resto é preenchido com dedução e uma parte com imaginação. Os fragmentos fazem ainda mais sentido ao considerar que a história se passa no julgamento do menino rei, sua vida está sendo vasculhada pelos deuses a fim de determinar se seu destino será Aaru(“campo de juncos” – o paraíso na mitologia egípcia) ou Duat(o reino de Osíris – o inferno).

No que diz respeito ao momento histórico, a obra aborda um período conturbado onde Akhenaten, pai de Thutankhamun, muda a capital do Egito para outra cidade por conta das pressões políticas. O grande imbróglio ronda a cultuação aos deuses, onde Akhenaten quer transformar o Egito em uma nação monoteísta, o que desagrada os sacerdotes e grande parte dos nobres. Thutankhaten, posteriormente chamado de Thuthankhamun, precisa resolver estes problemas e unificar novamente Kemet sobre o domínio total do faraó.

Em relação a ambientação, o trabalho executado é excelente, detalhes sobre a geografia, história e organização política do período são apresentados tanto nos diálogos quanto através dos desenhos. A relação da adoração dos deuses com a necessidade do auxílio da natureza é o que mais ganha destaque, como a prece para Aten abençoar com cheias para renovar os nutrientes da várzea ao redor do Nilo.

Um dos detalhes interessantes sobre a obra é o fato de ela utilizar os nomes dos deuses e lugares diretamente da língua egípcia. Os nomes dos deuses desta mitologia que chegam ao ocidente geralmente passam pelas traduções gregas, como o Deus chacal ser conhecido como Anúbis, sendo que na língua egípcia seu nome é Anpu. Desta forma o quadrinho pretende inserir o leitor da forma mais genuína dentro da cultura da história contada.

A parte artística da obra é fenomenal, a perspectiva utilizada pelo Olavo Costa remete ao nível de conhecimento que os egípcios tinham da arte neste tempo. Então o desenhista apresenta os desenhos quase sempre frontais ou de perfil, lembrando bastante as pinturas dos hieróglifos. Além disso, a retícula utilizada nas sombras torna o sombreamento mais detalhado e lembra os clássicos quadrinhos americanos. A coloração feita pela Mariane Gusmão é fenomenal, as cores são mais opacas sem grande destaque, como se a própria história tivesse sido desgastada com o tempo e tudo que foi apresentado eram recortes imaginativos. Ocorre o contrário nas cenas do julgamento onde as cores são mais vívidas e fortes como se fosse algo real e presente.

Concluindo, O Menino Rei é uma obra ímpar que brinca com a imaginação através de bases sólidas da história do Egito conhecida. Através de uma forte contextualização histórica que Tuthakamun ganha vida, a ficção ganha espaço no desconhecido. A ficção mergulha na cultura, religião e política para trazer ao leitor um Egito culturalmente rico e próximo do real.

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