A DC Comics decidiu ressuscitar a lendária Vertigo. Durante a NYCC 2025, a editora anunciou dez novos títulos assinados por equipes criativas que já trabalharam juntas e, aparentemente, continuam em ótima forma. Entre os nomes, destaque para Deniz Camp e Stipan Morian, Kyle Starks e Steve Pugh, e Chris Condon e Jacob Phillips.
Bleeding Hearts e o apocalipse mais humano dos quadrinhos
O primeiro anúncio veio com Bleeding Hearts, de Camp e Morian, ambientado dez anos após um apocalipse zumbi que parece mais uma crítica à cultura de consumo do que uma história de mortos-vivos. Camp resumiu o conceito: “É sobre o que acontece quando alguém começa a questionar a própria cultura zumbi.”
End of Life: quando John Wick vai parar no interior dos EUA
Depois veio End of Life, de Starks e Pugh, uma mistura improvável de John Wick com Northern Exposure (ou “Doutor Hollywood” se preferir). A trama segue um assassino profissional que compra briga com uma conspiração internacional e se esconde em uma cidadezinha cheia de gente estranha. Segundo Starks, “há um déspota local… e ele é um cartunista cancelado.” A metáfora escreve sozinha.
The Peril of the Brutal Dark: noir, deuses e mistérios em Nova York
A terceira HQ anunciada, The Peril of the Brutal Dark: An Ezra Cain Mystery, traz Condon e Phillips revisitando o noir em uma Nova York dos anos 1940, com deuses, assaltos e investigação sobrenatural. Eles querem transformar Ezra Cain em um detetive recorrente. O clima é puro Vertigo raiz: sombras, fumaça e cinismo.

O retorno de Nice House e um toque de arrogância (merecida)
James Tynion IV e Álvaro Martínez Bueno retornam com The Nice House by the Lake e sua sequência, The Nice House by the Sea, agora oficialmente sob o selo Vertigo. Tynion resumiu o sentimento dos fãs: “No fundo, Nice House sempre foi da Vertigo.” Difícil discordar.
A Torre Negra e o thriller mágico de Ram V
Ram V e Mike Perkins trazem A Torre Negra: Uma Conspiração dos Corvos, definido como “um thriller de espionagem contemporâneo com o toque da magia Vertigo”. Em outras palavras, espiões, segredos e feitiços — o trio perfeito para fazer qualquer leitor da velha guarda sorrir com o canto da boca.

100 Balas: Os EUA da Raiva – Azzarello e Risso juntos voltando por cima
Sim, 100 Balas está de volta. E com Brian Azzarello e Eduardo Risso de novo no comando. O novo arco, Os EUA da Raiva, promete expandir o universo da série. Azzarello foi direto no painel: “Como alguns não gostaram do final original, este vai terminar em uma página em branco. Vocês escrevem o próprio final.” Sarcasmo? Check! Genialidade? Vamos ver!
Necretaceous: dinossauros, zumbis e zero limites
O escritor Tom Taylor e o artista Darick Robertson decidiram que zumbis e dinossauros juntos era o que faltava nos quadrinhos. Necretaceous é o tipo de ideia que soa absurda demais pra funcionar e por isso mesmo parece perfeita para a Vertigo. Taylor provocou: “E se os dinossauros pudessem ser mais legais? E se adicionássemos zumbis?”

Fanatic, A Walking Shadow e Crying Doll: a nova safra sombria da Vertigo
O segundo semestre de 2025 trará três novos títulos. Fanatic, de Grace Ellis e Hannah Templer, fala sobre como o fandom pode distorcer a realidade (como se a internet já não provasse isso diariamente, da uma olahada aqui numa tal rede social).
Em seguida, A Walking Shadow, de Simon Spurrier e Aaron Campbell, apresenta um grupo de pessoas acorrentadas em um barco no meio de uma floresta, com algo aterrorizante à espreita. É survival horror com uma virada e, claro, muita ironia sobre a natureza humana.
Por fim, Crying Doll, de Mariko Tamaki e Rosemary Valero-O’Connell, mergulha na Nova York dos anos 80, no início da crise da AIDS, e mistura drama social com surrealismo. É o tipo de HQ que deixa um nó na garganta e alguns possiveis gatilhos!

Vertigo e Black Label: coexistência garantida (por enquanto)
O editor Chris Conroy deixou claro que o retorno da Vertigo não vai matar o selo Black Label. A Vertigo é terreno livre para ideias autorais, enquanto a Black Label continua cuidando dos super-heróis fora da curva.
Segundo Conroy, o relançamento foi pensado para valorizar parcerias já consolidadas — criadores que entendem o ritmo um do outro e têm liberdade total para ousar. “Vocês verão o próximo nível dessas colaborações”.
Criada em 1993 por Karen Berger, a Vertigo mudou a história dos quadrinhos com títulos como Sandman, Preacher, Y: O Último Homem e 100 Balas. Por anos, foi o lar das ideias ousadas, das histórias que a DC não tinha coragem de publicar no selo principal.
Depois de 2018, o selo desapareceu, deixando um vazio que nenhuma tentativa posterior preencheu. Mas, agora, com essa nova leva de criadores e projetos, a sensação é de que a Vertigo voltou com propósito.
Talvez o tempo seja um círculo plano, mas, quando ele traz de volta algo tão icônico, a gente até perdoa a repetição.
O futuro da Vertigo é cheio de sombras, segredos e sarcasmo. Exatamente como deve ser.
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