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Imagem desenhada de uma mesa de RPG clássica, com o mestre à frente e seu escudo de papel a postos e os jogadores em torno da mesa. Porém, todos estão trajados como se fossem os aventureiros de suas histórias.

RPG de mesa 101 – Uma (não tão) breve explicação para leigos

Você, pessoa leitora, pode ter ouvido falar em RPG através de Stranger Things, The Legend of Vox Machina ou assistindo lives do seu streamer favorito. Talvez também tenha ouvido falar como um lança-foguetes em jogos de guerra ou um método de fisioterapia. Nesse texto, vamos discorrer sobre a primeira alternativa, a fim de elucidar aqueles que desejam entender melhor o que envolve o tal RPG de mesa.

O que é RPG?

Segundo a Wikipedia, “Role-playing game, também conhecido como RPG (em português: ‘jogo de interpretação de papéis’ ou ‘jogo de representação’), é um tipo de jogo em que os jogadores assumem papéis de personagens e criam narrativas colaborativamente. O progresso de um jogo se dá de acordo com um sistema de regras predeterminado, dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente. As escolhas dos jogadores determinam a direção que o jogo irá tomar”. Entretanto, RPG é muito mais democrático do que o rebuscado texto acima faz parecer.

Em suma, o RPG se difere dos tradicionais jogos de tabuleiro pelo fato dos jogadores precisarem interpretar seus personagens. As ações que uma pessoa jogadora podem (ou não) fazer são limitadas apenas pela própria imaginação dela. Claro, como em todo jogo, há um conjunto de regras que precisam ser aplicadas para que haja o mínimo de coerência durante a jogatina, porém nada é escrito em pedra. As mesmas regras geralmente dependem também de um pouco de sorte: dados de múltiplos lados (fugindo um pouco do tradicional cubo) podem definir o destino dos personagens, dando um tempero a mais à experiência.

O desafio de atuar e trabalhar em grupo

Como no teatro, onde os atores precisam dar vida a seus papéis seguindo um roteiro, o jogo de RPG é “roteirizado” (por assim dizer) pelo Mestre – um jogador que tomará o papel do contador da história (narrador), também sendo o responsável por manter as regras e a ordem do jogo durante a campanha. Os demais jogadores são personagens (comumente heróis) que irão interagir com a história e as personas que o Mestre criar, buscando conquistar a meta (ou cumprir a missão) dada pelo Mestre, evoluindo as habilidades dos personagens ao longo da campanha.

O que torna o RPG de mesa tão interessante é a necessidade quase permanente de raciocinar de forma estratégica e buscar a forma mais interessante de passar por cima dos desafios (ou de criar novos) impostos pela história apresentada pelo Mestre. É praticamente uma batalha inventiva entre os jogadores e o narrador, tal qual a disputa entre Sonho e Lúcifer em Sandman. É um ótimo exercício de criatividade, de raciocínio e, claro, de colaboração social. 

Sistemas de RPG

O mais famoso sistema de RPG de mesa (como são chamados os conjuntos de regras de cada cenário) chama-se Dungeons & Dragons, jogo que inclusive deu origem à animação dos anos 1980 Caverna do Dragão e se tornou novamente popular graças ao seriado Stranger Things. Trata-se de um sistema criado num mundo de fantasia medieval, onde magos, elfos, anões e toda uma sorte de criaturas fantásticas convivem e se digladiam. O D&D infelizmente está se despedindo do Brasil, mas não é o único sistema de alta fantasia medieval existente.

Se essa não é a sua pegada, existem – literalmente – centenas de outras opções. Fantasia urbana e sombria? O sistema Storyteller (famoso pelo cenário Vampiro, a Máscara) pode ser a sua pedida. Prefere algo menos complexo e com um teor cômico? Honey Heist e Malditos Goblins são perfeitos para isso. Terror? Call of Cthulhu tem feito muito sucesso ultimamente. Muitos desses sistemas podem ser facilmente aprendidos com uma rápida busca na internet, além de possuírem plataformas online para facilitar jogatinas que não são possíveis serem feitas pessoalmente. Sugestões: Roll20 e Owbear Rodeo.

Mas não existe RPG brasileiro?

A comunidade rpgista brasileira tem se tornado muito forte quando o assunto é criação de sistemas de RPG nacionais. Para citar alguns (além do supracitado Malditos Goblins), segue uma lista:

  • 3DeT: talvez um dos mais jogados da velha guarda, é um sistema de RPG que satiriza animes, mangás e séries japonesas. Suas regras são simples e feitas para iniciantes.
  • Old Dragon: sistema que se baseia nas regras das versões mais antigas do Dungeons & Dragons.
  • Skyfall RPG: lançado nesse ano com um hype enorme, o Skyfall se define como uma “fantasia trágica” e baseia-se no conceito da pessoa jogadora a todo o momento precisar fazer escolhas difíceis.
  • Kalymba: o diferencial de Kalymba é ser um RPG de ação inspirado na cultura e mitologia africana, trazendo elementos tradicionais e, ao mesmo tempo, únicos em comparação a outros sistemas.
  • Terra Devastada: o sistema aposta em regras simples e intuitivas para apresentar aos jogadores um mundo apocalíptico e ameaçador.
  • Tormenta20: o mais famoso sistema de RPG brasileiro. Possui paralelos com Dungeons & Dragons, porém elementos próprios da mitologia envolta no cerne de Tormenta tornam esse sistema uma experiência totalmente diferente para os amantes da fantasia medieval. Falaremos mais sobre Tormenta nos próximos dias.

Lição de casa

​Não se engane: o ponto principal das campanhas de RPG de mesa não se trata de ser o mais inteligente, o mais estratégico, ou então uma diversão vazia. O RPG é feito para criar laços entre pessoas e criar histórias memoráveis, cativantes e nostálgicas. Chame seus amigos e experimente. E se, por acaso, não conseguir angariar um número bom de pessoas interessadas, pesquise nas redes sociais a respeito de grupos de RPG na sua cidade ou que desejam participar de mesas online. Acredite: a comunidade do RPG está sempre procurando pessoas novas para continuar o legado dos jogos de RPG de mesa.

OUÇA TAMBÉM: Overview 03 – RPG

OUÇA TAMBÉM: Blackstage 13 – MMORPGs

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