Quase 50 anos depois do assassinato brutal que marcou o país, a HBO estreia Ângela Diniz: Assassinada e Condenada, minissérie que traz de volta um dos casos mais emblemáticos da história brasileira e um divisor de águas no debate sobre a violência de gênero.
A produção, dirigida por Andrucha Waddington e estrelada por Marjorie Estiano e Emílio Dantas, chega à HBO e HBO Max em 13 de novembro, em seis episódios que recriam o crime, o julgamento e as consequências de uma sociedade que julgou a vítima antes do assassino.
Inspirada no premiado podcast Praia dos Ossos, da Rádio Novelo, a série reflete não apenas sobre o feminicídio, mas também sobre o modo como o país enxergava as mulheres e como esse olhar ainda precisa ser questionado.
Ângela Diniz: uma mulher livre em um tempo que não perdoava a liberdade
Em dezembro de 1976, a socialite Ângela Diniz foi assassinada a tiros por seu então companheiro Doca Street, em uma casa de praia em Búzios, no Rio de Janeiro. O caso teve repercussão nacional, não só pelo crime, mas pela injustiça do julgamento.
No primeiro julgamento, Doca foi absolvido sob a tese de “legítima defesa da honra”, argumento que provocou indignação pública e protestos feministas em todo o país. Somente em 1981, após forte pressão social, ele foi condenado a 15 anos de prisão.
O crime tornou-se um símbolo do movimento feminista brasileiro, impulsionando debates sobre culpabilização da vítima, misoginia e leis de proteção à mulher.
Do podcast à TV: a reconstrução de uma história coletiva
A minissérie adapta o aclamado podcast Praia dos Ossos, criado por Branca Vianna e produzido pela Rádio Novelo. Com uma abordagem jornalística e emocional, o programa revisita a trajetória de Ângela, uma mulher de espírito livre, amante da vida, da praia e dos amigos, que se tornou vítima de um sistema que não tolerava a autonomia feminina.
No mesmo espírito, a série da HBO busca humanizar Ângela, sem transformá-la em mártir ou em espetáculo.
“O grande desafio foi voltar aos anos 1970 com realismo e respeito. Não queríamos fazer um show de horror, mas entender a mulher por trás do mito”, explicou Andrucha Waddington durante coletiva de imprensa.
Marjorie Estiano e a força de uma personagem libertária
Para Marjorie Estiano, que interpreta Ângela, viver essa mulher foi um processo de transformação pessoal e artística. Em conversa com jornalistas, a atriz contou como o papel lhe trouxe reflexões sobre prazer, liberdade e culpa.
“A Ângela era uma mulher que se autorizava a sentir prazer, a viver com leveza. E isso ainda é um tabu. Interpretá-la foi um exercício de liberdade e de consciência sobre o quanto ainda precisamos lutar para que essa liberdade não seja punida”, disse a atriz.
A atriz ressaltou que interpretar uma mulher que se recusa a ser silenciada foi um desafio libertador:
“As personagens femininas, em geral, são escritas para sofrer. A Ângela era o oposto: vivia intensamente. Isso é raro, e também é o que torna essa história tão necessária.”
Entre memória e reflexão
Mais do que reconstruir um crime, Ângela Diniz: Assassinada e Condenada busca provocar o debate sobre como o Brasil trata suas mulheres no passado e no presente. A série convida o público a refletir sobre a lentidão das mudanças sociais, a persistência da violência de gênero e a culpabilização da vítima, ainda presentes no imaginário coletivo.
“O título da série, Assassinada e Condenada, sintetiza tudo. Ângela foi morta duas vezes: pelo homem que atirou nela e por uma sociedade que decidiu que ela merecia morrer”, resume Camila Márdila, que interpreta uma das amigas da protagonista.
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