Em Até o último Samurai (Last Samurai Standing, original) o telespectador é levado para o Japão no início da Era Meiji, período do reinado em que o país apresentou uma rápida modernização, mas ao mesmo criou abismos sociais e aqui podemos inserir os samurais, que para as pessoas no poder não teriam mais utilidades numa época armas de fogo poderiam ser mais letais, por exemplo.
Neste contexto entra o protagonista Shujiro Saga, um homem que durante a infância treinou junto de seus “irmãos de consideração“em uma montanha com um único objetivo: se tornar um samurai imparável. Acontece que ele fugiu de lá, se tornou realmente uma máquina de matar com o apelido de Homicida, serviu ao alto escalão durante batalhas, mas foi deixado de lado com essas mudanças a ponto de ir morar num vilarejo com a mulher e filhos.
Até que a doença da cólera começa a se alastrar pelo país, atinge o vilarejo e a família de Saga e para ter dinheiro para remédio e alimentação ele se inscreve em um torneio chamado Kodoku, que promete um prêmio de 100 mil ienes.
Aqui começa o que podemos chamar vulgarmente de um seriado que traz a essência histórica de Xógum: A Gloriosa Saga do Japão com os jogos mortais e desafios sem fim que temos em Round 6, com um amontado de Samurais que não querem ser apagados da história.

Um seriado que beira ao épico
Uma das boas sacadas de Até o último Samurai é entregar um protagonista que é excelente espadachim, mas que ao mesmo tempo sabe que tem feridas e buracos no passado e no decorrer do seu percurso ele se permite ser seguido. Aqui, ele ganha a companhia de Futaba, uma garotinha que sozinha não sobreviveria a primeira etapa do torneio e acaba encontrando a Iroha, sua irmã com quem ele sente que está em dívida pelos acontecimentos na montanha durante a adolescência de ambos.
Outra coisa bem interessante é que o jogo acaba envolvendo política, mas não é de uma maneira que deixa a história chata, mas que agrega e muito quando as peças são juntadas e vemos que existem “vilões” por trás de toda matança que está ocorrendo.
Aliás, o seriado não economiza em mostrar sangue, membros decepados, carnificina, mas há um equilíbrio entre o sangue jorrando na tela com duelos mais estratégicos, mais pensando com a cabeça do que propriamente com o encontro de espadas.
A fotografia e filmagens nessa produção acabam sendo impecáveis não sendo um artigo de luxo e sim outra peça fundamental para deixar tudo muito fluído, uma vez que as cenas de ação têm poucos cortes, o que aproxima ainda mais o telespectador de tudo que está acontecendo.
A grande diferença para Round 6, em questão de usar jogos que valem a vida de quem participa, é que aqui no fundo a competição acaba representando um real jogo de sobrevivência social, uma luta de privilégios de classe, onde encontramos os políticos privilegiados e ricos querendo exterminar os últimos samurais, sendo que estes buscam não só receberem o prêmio final, mas também lutam como um último ato de resistência de sua classe, lutam pela honra, para não serem apagados da história.
A única ressalva de Até o último Samurai , como várias outras produções da Netflix, possui apenas 6 episódios disponíveis apresentando um final muito aberto o que não tem sentido se não houver uma segunda temporada (que ainda não foi confirmada).