A mata tem segredos, frutos, vida e também seus heróis. Um deles é Oxóssi, divindade celebrada no dia 20 de janeiro e homenageada com o episódio da série exclusiva “Caminhos dos Orixás“, exibida no canal dia na segunda, 20, às 19h30. Com direção de Betse de Paula, a produção foi viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), e traz entrevistas com especialistas, antropólogos, pais e mães de santos e praticantes para falar de seus mitos, características arquetípicas, símbolos e sincretismos. A série completa, com 16 episódios, está disponível no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma.
O episódio Oxóssi – A origem de nossa dinastia conta que sua história começa na África, mas sem grande peso, como um orixá secundário. Símbolo de povoados e aldeias menores, ele não tinha as grandes honras e histórias das divindades que protegiam os grandes reinos. Em meados do século XVIII boa parte dos iniciados para Oxóssi foram capturados na África, escravizados e trazidos para as Américas. O culto a Oxóssi se disseminou em terras brasileiras e ele se tornou um dos orixás com mais filhos.
“Oxóssi no imaginário brasileiro é um índio. Dentro do fenômeno do sincretismo, um fenômeno de aculturação, você funde elementos próximos, e dentro das culturas indígenas havia essa relação com a natureza, com a caça, com o arco e com a flecha. Isso fez com que Oxóssi fosse sincretizado com esse ancestral brasileiro, ele representa esse cruzamento de culturas afro-ameríndia”, afirma o babalorixá Pai Rodney de Oxóssi, de Mairiporã, em São Paulo.
Simbolizado pela flecha, Oxóssi é o senhor das matas, o caçador, posto que originalmente era de Ogum. No Brasil, se torna a referência no candomblé, vira figura de proteção dos povos da mata e potencializa os orixás como símbolos de resistência, ancestralidade e pertencimento num mundo desafiador e por vezes agressivo.
‘Imagine a África, a aldeia, a vila e logo ali está a grande mata, abarrotada de tudo quanto era bicho. Inclusive, muitos deles serviriam para a alimentação dos humanos, então precisava ter uma imagem arquetípica de alguém que fosse lá e pegasse o bicho. É quando o imaginário cria Oxóssi, o grande caçador, o caçador de uma flecha só, ele não precisa de mais de uma, ela é certeira’ explica o babalorixá Babá Ajalá Deré, de Itabuna, na Bahia.
Habilidoso e estratégico, Oxóssi é, para seus filhos, o provedor do povo. Um orixá que ensina que a prosperidade está em ter saúde, amor, a mesa farta e a família por perto. No episódio, descobrimos novas histórias e somos apresentados à sua força, que até hoje segue guiando e protegendo.
“Quem tem Oxóssi não anda só”, resume a Ialorixá Mãe Darabi, de Ilhéus, na Bahia.
Confira a sinopse de Caminhos dos Orixás
Caminhos dos Orixás é uma série de documentários com 16 episódios de 26 minutos cada, com os principais orixás do Candomblé, seus arquétipos, suas representações. É possível apagar a memória de um povo? Caminho dos Orixás é uma série que foi à procura dessa resposta. A travessia transatlântica que os africanos fizeram durante 350 anos, trouxe mais que mão de obra escravizada. Nos navios negreiros também vieram músicas, danças, vestimentas, comidas, encantamentos, mandingas, gingas, cuidado com as plantas, e uma vontade imensa de vencer os desafios de um corpo aprisionado e uma mente livre. No candomblé buscaram esperança e preservaram sua fé nos Orixás. Distante das origens, mas presos a sua matriz ancestral, a mãe África, os africanos e seus descendentes aprenderam com os indígenas os segredos das ervas locais, e com os europeus, as táticas para lutar contra o racismo e os castigos impostos. Minha gente sexta feira é dia do senhor do bonfim ou de Oxalá? Dos dois, meu povo. Caminho dos Orixás é um banho de afro visualidades. Assista os episódios dessa série e descubra como os africanos encontraram na diáspora as formas de continuar existindo, resistindo e mantendo viva a sua cultura. Axé! Direção: Betse de Paula. Duração: 26 minutos. Classificação: 10 anos.
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