Desde o início, Allan Heinberg, showrunner de The Sandman, sabia que a série teria um fim definido. Embora planejasse três temporadas com 11 episódios cada, tudo mudou quando Tom Sturridge foi escolhido como protagonista. A adaptação ganhou um novo rumo — mais íntimo, emocional e centrado em Sonho.
Segundo Heinberg, a decisão veio da resposta do público. Os episódios com foco direto em Sonho geraram maior engajamento. Quando o enredo se afastava dele, a audiência perdia conexão. A Netflix, atenta a esse comportamento, sugeriu um corte ousado: pular o arco de A Game of You, presente nos quadrinhos, e ir direto para os eventos de Brief Lives.
Esse movimento não foi apenas estratégico — foi narrativo. Retirar esse arco abriu espaço para explorar com mais profundidade os conflitos internos de Sonho, seu passado e seu crescimento.
A profecia das Moiras e o início do fim
Na abertura da segunda temporada, uma profecia inquietante marca o tom: “Um rei abandonará seu reino. A vida e a morte entrarão em choque.” O aviso é claro: algo muito maior se aproxima.
Sonho, ainda lidando com as cicatrizes de sua prisão e reconstruindo seu reino, vê o passado retornar com força. Agora, ele precisa enfrentar seus erros, suas perdas e as consequências de escolhas que ecoam há milênios.

Sonho, Orfeu e o peso do arrependimento
A alma da segunda temporada está no reencontro entre Sonho e seu filho Orfeu. Esse relacionamento — tenso, trágico e profundamente humano — se torna o verdadeiro centro emocional da narrativa.
Orfeu, decapitado por um culto e deixado vivo apenas como uma cabeça, implora ao pai por libertação. Mas Sonho, preso às leis dos Perpétuos, se recusa. Não por frieza — mas por dor. Ele simplesmente não consegue matar quem mais ama.
Anos depois, em troca de ajuda, Sonho finalmente concede a morte ao filho. Um ato de amor tardio que custará caro.

Um personagem opaco que aprendeu a sentir
Nos quadrinhos, Sonho é um mistério. Seus olhos são galáxias, e suas emoções raramente são reveladas. Na série da Netflix, essa barreira cai.
Tom Sturridge entrega um Sonho que sente, sofre e ama — mesmo que mal saiba demonstrar. Ao lado dos irmãos — especialmente Destruição e Morte — ele descobre que fugir do próprio papel tem consequências. E que evoluir, por mais doloroso que seja, é a única saída.

Destruição e o espelho do que Sonho poderia ser
Destruição abandonou seu posto. Sonho o despreza por isso — mas, no fundo, inveja a coragem do irmão. Enquanto Sonho carrega o peso de sua função, Destruição optou pela liberdade. Essa escolha, radical e humana, revela uma verdade incômoda: Sonho está preso em sua própria vocação.
A mensagem é clara. Para salvar o que ama, ele precisa mudar. Precisa renascer.

O que esperar dos episódios finais
Os cinco episódios finais de The Sandman chegam no dia 24 de julho. .
Sonho, agora transformado, lutará para proteger seu reino e sua essência. Mas ele sabe: o preço por ter derramado sangue da própria família será cobrado. As Moiras observam — e não esqueceram.
O episódio bônus, centrado na Morte (Kirby Howell-Baptiste), será lançado em 31 de julho. Segundo Heinberg, será uma reflexão sobre viver com amor e esperança em tempos sombrios. Um último adeus, profundo e necessário.
