Depois de Mare of Easttown, Brad Ingelsby volta à cena com Task, uma série que mistura dor, violência e redenção em um subúrbio decadente da Pensilvânia. No centro dessa jornada Mark Ruffalo, o eterno Hulk agora troca a fúria verde por silêncios carregados, vodca, dor culpa e um FBI a beira do colapso.
Tom Brandis (Ruffalo), ex-padre transformado em agente federal, tenta lidar com o peso da perda e o vício enquanto cuida de sua filha adolescente. Do outro lado, Robbie (Tom Pelphrey), um caminhoneiro do lixo desesperado por dar uma vida melhor aos filhos, afunda em crimes cada vez mais perigosos. Quando uma operação dá errado e uma criança desaparece, os caminhos dos dois homens colidem.
Esqueça reviravoltas geniais ou policiais brilhantes. Aqui, os investigadores tropeçam tanto quanto os criminosos que perseguem. A série não se preocupa em glorificar tiroteios ou perseguições de carro. Ao contrário, transforma cada cena em um lembrete de que a violência raramente tem glamour — e quase sempre cobra um preço.
Mark Ruffalo x Tom Pelphrey: um duelo que dita o ritmo da série
Se Task funciona, é graças a seus protagonistas. Ruffalo entrega um Tom abatido, quebrado, mas ainda tentando encontrar algum sentido. Pelphrey, por sua vez, dá vida a Robbie com uma intensidade quase desconfortável — ele é ao mesmo tempo vilão e vítima, o tipo de personagem que força o público a torcer pelo vilão. Quantas séries já acompanhamos e nos pegamos torcendo para que o vilão venca?
Quando os dois finalmente dividem a tela, a série atinge seus melhores momentos. Pena que isso acontece menos vezes do que deveria.
Mas nem tudo é destaque e ponto positivo na série, Ingelsby sabe construir dramas densos. Mas aqui, o peso é tão constante que acaba achatando os personagens. Quase todo mundo carrega um trauma, e a série parece confundir tragédia de fundo com desenvolvimento real e alguns coadjuvantes surgem apenas para soltar um monólogo sobre seu sofrimento e depois desaparecem.

HBO aposta pesado na produção e bastidores
Visualmente, Task é impecável. O design de produção recria o subúrbio decadente da Filadélfia com uma precisão assustadora. A fotografia valoriza tanto os becos escuros quanto a melancolia dos personagens.
Nos bastidores, Ruffalo chegou a ganhar peso para dar ainda mais realismo ao papel, enquanto Pelphrey mergulhou no sotaque marcante.
Task não é para quem procura ação fácil ou finais confortáveis. É uma série sobre dor, escolhas ruins e um sistema que falha com quase todos. Ainda assim, Ruffalo e Pelphrey entregam atuações tão intensas que justificam investir um tempo para acompanhar a série. Em alguns momentos pode até se sentir exausto, mas dificilmente estará indiferente aos temas abordados.
Task estria no dia 7 de setembro, às 21h, no canal e no streaming da HBO Max.
