Um Cavalheiro em Moscou é aquela típica série que você começa não dando nada, mas que entrega absolutamente tudo: drama, comédia, personagens extremamente carismáticos, mas principalmente motivos para você passar o dia todo chorando. Uma história que fala como governos autoritários não tiram somente a liberdade dos indivíduos, mas são capazes de destruir famílias e moldar todo o comportamento de uma sociedade
Depois de escapar da Revolução Russa, o Conde Alexander Rostov (Ewan McGregor) descobre que seu passado o coloca no lado errado da história. Banido por um tribunal soviético para um sótão do luxuoso Hotel Metropol em Moscou, torna-se um exilado em seu próprio país, sendo continuamente ameaçado caso saia do hotel. Conforme o regime soviético sucumbe à tirania, o conde descobre o valor do amor, da coragem e da comunidade. A medida que os anos passam e algumas das décadas mais tumultuadas da história russa se desenrolam fora das portas do hotel, as circunstâncias reduzidas de Rostov proporcionam-lhe a entrada num mundo muito mais vasto de descobertas emocionais. Ao construir uma nova vida dentro das paredes do hotel, ele descobre o verdadeiro valor da amizade, da família e do amor.
Um Cavalheiro em Moscou: Paramount libera primeiro episódio de forma gratuita no YouTube
A narrativa é sempre contada através da perspectiva do Conde, mas em paralelo é desenvolvida a história política russa. Tudo isso é inteiramente entrelaçado, já que ambas as tramas dependem uma da outra, afinal não existiria o Conde em um país democrático. Um Cavalheiro em Moscou, é além de tudo uma aula de história, já que vamos acompanhando a ascensão dos principais líderes políticos russos como Stalin e Lenin.
Alexander Rostov, vivido por Ewan McGregor, é um personagem que cativa desde o seu primeiro momento em tela. Extremamente espalhafatoso, ele representa tudo o que o Estado russo abomina: um nobre rico que nunca fez parte do proletariado. A narrativa quebra aquele paradigma muito comum em obras hollywoodianas: de uma elite extremamente fútil, inútil e egoísta. Nosso protagonista é doce, gentil e empático, ou seja, um legítimo cavalheiro.
Todos os personagens que estão em torno do Conde Alexander Rostov são extremamente humanos e bem construídos. É interessante que existem vários perfis: o funcionário do partido comunista, a atriz de cinema que trabalha em filmes de propaganda, os jovens que creem na política de forma utópica, os trabalhadores e a elite. Você pode estar se perguntando o que liga todos esses indivíduos tão diferentes uns dos outros? Todos sofrem nas mãos do medo de um regime extremamente autoritário, sendo obrigados a calcular até pequenas ações como a de escolher uma música para tocar no violino.
O maior diferencial da série está no fato dela criar uma atmosfera de total esperança. É uma obra bela não só pela sua narrativa, mas principalmente pela mensagem. O universo do Hotel Metropol, onde praticamente toda a obra se desenvolve, é alegre em meio ao caos em que a Rússia está vivendo. Todos que habitam aquele microespaço tentam de todas as maneiras encontrar a facilidade, já que eles encaram isso como um ato de enfrentamento ao sistema. São indivíduos que creem na resiliência e na bondade como formas de combater aquele ambiente autoritário. Afinal, só podemos combater o mal sendo bons.
Tudo isso é muito intensificado na figura do Conde Alexander Rostov. Sua constante alegria e bom humor diante ao fato de ter que passar toda a sua vida preso no hotel, contagia não só os outros personagens, mas os telespectadores também. A narrativa mostra que a alegria e a felicidade não precisam estar relacionadas a grandes momentos, mas na maior parte do tempo são encontradas em acontecimentos rotineiros, tudo dependendo da maneira como você enxerga o mundo.
Um Cavalheiro em Moscou já está disponível na Paramount+ em oito episódios e pode ser uma boa maneira de fazer você refletir sobre o sentido de sua própria vida.
Nenhuma matéria relacionada.