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Round 6, Alice in Borderland e a espetacularização do Sofrimento

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Uma reflexão sobre a banalização do mal

As produções audiovisuais contemporâneas muitas vezes exploram temas sombrios e perturbadores para atrair audiências ávidas por emoções intensas e choque. Nesse contexto, séries como Round 6, que lança sua segunda temporada em 2024, e Alice in Borderland emergem como exemplos de narrativas que se destacam pela sua exploração do sofrimento humano e da brutalidade. No entanto, ao assistir a essas produções, é impossível não evocar as palavras e ideias de Hannah Arendt sobre a banalização do mal.

Nestas duas séries, somos apresentados a personagens inseridos em situações extremas, onde são forçados a enfrentar desafios mortais e lidar com a perda de forma implacável. O que inicialmente pode parecer apenas um drama fictício logo se revela como uma profunda reflexão sobre a natureza humana e as consequências da desumanização em meio a circunstâncias adversas.

Assim como Arendt nos alertou para a complacência que permite a perpetuação do mal, essas séries nos confrontam com a nossa própria complacência diante da espetacularização do sofrimento. Ao consumirmos esse tipo de conteúdo de forma passiva, sem questionar sua ética ou seu impacto, nos tornamos cúmplices de uma cultura que normaliza a violência e a dor.

No entanto, assim como Arendt nos convocou a questionar as estruturas sociais que facilitam a emergência do mal, também somos desafiados a questionar as dinâmicas culturais que perpetuam a espetacularização do sofrimento. Precisamos nos perguntar até que ponto estamos dispostos a permitir que o entretenimento trivialize o sofrimento humano em prol do mero entretenimento.

Em última análise, Round 6, Alice in Borderland e outras produções semelhantes podem oferecer um entretenimento emocionante e envolvente, mas não podemos nos deixar seduzir pelo espetáculo sem questionar suas implicações éticas e sociais. Ambos os casos demandam uma vigilância crítica e uma conscientização sobre as consequências de nossa complacência diante do sofrimento alheio, seja ele banalizado ou transformado em espetáculo.

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Helena Crestan

Helena Crestan

Trans, musicista e graduanda em Jornalismo. Amante de café e apaixonada pela escrita. Uma alma sombria que encontra beleza no macabro e no imperfeito

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