A Netflix está apostando na mente nada convencional de Jane Schoenbrun para adaptar o clássico cult Black Hole, de Charles Burns. E se você já leu essa HQ sombria, sabe que não é qualquer pessoa que conseguiria colocar essa maluquice visual e psicológica na tela.
Segundo o Deadline, a série ainda não tem data de estreia — o que basicamente significa que já podemos começar a sofrer de ansiedade geek. Afinal, traduzir o universo perturbador e visceral de Burns é o tipo de desafio que separa os artistas dos aventureiros.

Uma DST que transforma corpos e mentes
A história que garantiu a Burns o Prêmio Harvey em 2006 se passa nos arredores de Seattle, onde uma estranha DST conhecida como “O Inseto” se espalha entre adolescentes. Mas esqueça sintomas comuns — essa praga provoca mutações bizarras e deformações corporais que fariam Cronenberg aplaudir.
Enquanto o caos toma conta, os jovens infectados fogem para as florestas, virando párias de uma sociedade que não entende o que está acontecendo. Só que nem todos conseguem lidar com a transformação e alguns simplesmente desaparecem.

Hollywood já tentou e falhou miseravelmente
Acredite ou não, essa não é a primeira tentativa de levar Black Hole para as telas. Nomes de peso como David Fincher, Neil Gaiman e Alexandre Aja já tentaram adaptar a HQ desde os anos 2000. E falharam.
Agora, com Schoenbrun no comando, a coisa muda de figura. Afinal, estamos falando da mente por trás de I Saw the TV Glow um filme que misturou trauma, nostalgia e terror psicológico com uma estética que parecia saída de um pesadelo de MTV dos anos 90.

Jane Schoenbrun está em seu melhor momento
Além de ter dirigido We’re All Going to the World’s Fair, uma das experiências mais estranhas e subestimadas do cinema recente, Schoenbrun já tem outro projeto no forno: um novo longa estrelado por Gillian Anderson e Hannah Einbinder, que chega à Mubi no próximo ano.
Com Black Hole, Schoenbrun encontra um material que combina perfeitamente com sua assinatura: adolescentes em crise, identidade fragmentada e monstros simbólicos que dizem mais sobre a alma humana do que apenas sustos gratuitos.
Se tudo der certo, essa pode ser uma das adaptações mais ousadas da Netflix nos últimos anos e também uma das mais incômodas.