Foram 10 semanas intensas para os fãs dos mutantes da Marvel. Mais que isso: X-Men ’97 magnetizou (com o perdão do trocadilho) uma nova leva de potenciais espectadores com suas tramas intrincadas e um formato novelístico que deixaria Manoel Carlos com uma pontinha de inveja.
As expectativas formadas pelos dois primeiros episódios acabaram se pagando até o fim, graças a uma combinação muito bem executada entre roteiros de Beau DeMayo, a direção de Jake Castorena e as animações que, embora possam ser consideradas simples, trouxeram cenas de ação impressionantes. Assim, X-Men ’97 deixou de ser “apenas” a continuação da clássica série animada de 1992, mas sim uma nova porta de entrada para o universo mutante.
Fiel às origens, porém original
DeMayo ganha créditos pelo conhecimento da história dos X-Men nos quadrinhos, juntando várias sagas e momentos marcantes ocorridos entre os anos 1990 e 2000, e as adaptando de uma forma que remove as complexidades (e até pieguices) de cada uma delas e criando algo novo e interligado. Assim, com apenas dez episódios foi possível entender a origem de Cable, a ascenção e queda de Genosha, a Operação Tolerância Zero e, por fim, um dos mais marcantes momentos das HQs da época, ocorrido durante o embate entre Wolverine e Magneto.
Claro, nem tudo são flores. Os episódios quatro e seis parecem destoar do restante, quase como se outro escritor estivesse envolvido com eles. Outros buracos acabaram também ficando pelo caminho, como a superficialidade do relacionamento entre Forge e Tempestade, o destino de Ororo, Morfo e Wolverine ao fim da temporada e as consequências da escolha de Xavier de voltar à Terra.
A mente é mais difícil de dobrar do que o metal
Ainda assim, o esmero demonstrado nos demais episódios, com ótimo equilíbrio entre ação, demonstração dos poderes mutantes de cada membro da equipe (até Jubileu teve seu momento de brilhar – perdoem o trocadilho de novo) e diálogos reais até demais para uma obra fictícia sobre pessoas que atiram raio dos olhos, dão a X-Men ’97 o selo de obra bem executada. Respeita o legado da equipe, a animação anterior, mas não se apoia simplesmente na nostalgia para cativar o espectador antigo, nem altera demais sua fórmula na esperança de pegar a atenção da fatia mais nova dos fãs da Marvel.
O que fica difícil, na realidade, é estipular a classificação etária: ao mesmo tempo em que há uma diversão “moleque” intrínseca em tudo, o drama, abordagem de assuntos maduros e a violência exibida na animação nos faz questionar se seria apropriado pra mesma criança que adorava ver o Homem de Ferro nas telonas. Porém, mais uma vez, é bom nos lembrarmos da fonte: X-Men é exatamente assim nas HQs desde eu início, mas ainda mais na época em que a animação está sendo retrata. Era um passatempo para crianças e adultos.
O que está por vir
A segunda temporada de X-Men ’97 já foi completamente escrita e há boas chances que saia já em 2025, e os acontecimentos dos dois últimos episódios dão pistas que ao menos duas grandes sagas dos anos 1990 devem dar as caras por lá. DeMayo, que terminou a escrita de toda a temporada antes de ser demitido, garante que “bons momentos estão por vir” e que não será apenas dor e desgraça na vida dos mutantes. Por fim, fica a esperança que a animação sirva de inspiração para as próximas produções da Marvel Studios, independente da escolha da mídia, pois apesar de acertos como Wandavision, Loki e Shang-Chi, X-Men ’97 é sem dúvidas a melhor e mais ambiciosa produção feita pela Marvel desde Vingadores: Ultimato. Lembre-se disso.
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