Vermelho Monet: é ótimo para quem gosta de bons personagens

Vermelho Monet é ótimo para quem gosta de bons personagens

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A palavra obsessão sempre esteve muito presente dentro do universo artístico. Vincent van Gogh não era somente obcecado pelo ato de pintar, estima-se que em pouco mais de dez anos ele tenha pintado duas mil obras de arte, também pela sua incansável busca de retratar o obscuro em seu formato mais natural sem recorrer à cor preta. Podemos afirmar então que Vermelho Monet do diretor Halder Gomes é um filme sobre obsessão e desejo, mas principalmente sobre uma eterna busca dos personagens.

O mercado de arte mundial, cada vez mais repleto de ricos colecionadores, está sempre em busca de uma nova descoberta, mesmo que esta novidade não seja assim ‘original’. Antoniette (Maria Fernanda Cândido) sabe disso e joga como poucos no universo dos marchands de arte, eventualmente criando um ‘novo original’ de um grande artista para aquecer o mercado. Johannes (Chico Díaz)  é um velho artista plástico, romântico demais para ser reconhecido nos tempos atuais, mas técnico como poucos. Florence (Samantha Müller) é uma jovem estrela em ascensão, emanando uma beleza frágil capaz de reavivar o mais machucado coração. Os três irão se relacionar em um perigoso jogo que envolve falsificações, mentiras e paixões arrebatadoras.

Vermelho Monet de cada um

O interessante no trio de protagonistas é sua própria formação: temos a jovem Florence como musa inspiradora, Johannes como o pintor e Antoniette como a gananciosa marchand de arte. Essa trindade é alimentada pelo egoísmo um do outro, criando assim um círculo vicioso, já que cada um dos elementos precisa do outro, mas somente para benefício próprio. A verdade é que nunca sabemos quando eles estão sendo legítimos em suas relações.

A musa usa a marchand de arte para encontrar a essência do personagem que irá representar no seu grande filme, já Antoniette usa Florence para conseguir que o pintor crie sua obra prima. Por fim, Johannes utiliza as duas para encontrar as cores que perdeu juntamente com sua esposa. O personagem do pintor obcecado torna-se interessante e diferenciado por um simples detalhe: ele é um artista que retrata o belo, mas que enxerga o mudo em preto e branco.

Desde seus primeiros minutos de filme, somos apresentados a um personagem que não enxerga as cores no mundo. Nunca é explicado o que de fato aconteceu, mas podemos entender que houve um acidente que deixou o pintor nessa condição e sua esposa, Adele, em um estado quase vegetativo. Ela é levada sempre em uma cadeira de rodas pelo marido e praticamente não demonstra capacidades cognitivas: ela não fala e não consegue fazer absolutamente nada sozinha.

A obsessão de Johannes está no fato de a única cor que ele consegue enxergar ser o vermelho monet dos cabelos de Florence e que essa coloração remete aos cabelos da própria esposa. A “paixão” que desenvolve pela jovem atriz é na verdade uma tentativa de voltar ao passado quando sua amada era jovem e saudável.

Essa breve descrição da relação entre pintor e musa é necessária para compreender a personagem de Adele. Assim como o seu marido, ela vê Florence como um reflexo de si mesma no ápice de sua juventude, alguém que gostaria de voltar a ser, mas infelizmente nunca mais será. Ela constantemente conversa com o telespectador, que é o único que compreende profundamente aquilo que ela está pensando.

Contamos com uma história envolvente e com um leve toque de mistério. Entretanto, o que podemos chamar de “vermelho monet” da história é a excelente construção de personagens que contaram com atuações impecáveis de Chico Díaz, Maria Fernanda Cândido e Samantha Müller.

O filme é distribuído pela Pandora Filmes com lançamento em cinemas brasileiros no dia 9 de maio.

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Vitória Möllerke

Vitória Möllerke

Apaixonada por animes, mángas, séries e filme. Formada em Jornalismo e Cinema. Até hoje esperando o Luffy se tornar o Rei dos Piratas e finalmente encontrar o One Piece!

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