Com uma comédia um pouco duvidosa e uma pitada “leve” de violência, Contra o Mundo conta a história de Boy, um assassino habilidoso, treinado pelo grande Mestre Xamã, que tem um único objetivo: ser um instrumento mortal e vingar a morte da família, assassinada injustamente.
Bill Skarsgard, o famoso e pavoroso Pennywise, retorna às telonas como o protagonista Boy. Também se juntam à trama, um elenco de peso e vários rostos conhecidos: Jessica Rothe(A morte te dá parabéns), como June 27, Andrew Koji, interpreta o Basho(Trem-Bala), Famke Janssen(X-Men), dá vida à Hilda, Yayan Ruhian(Star Wars 7), é o Xamã, Michelle Dockery(Downton Abbey) interpreta a Melanie, e Brett Gelman(Stranger Things), dá vida a Gideon.
Contra o Mundo é um filme engraçado, divertido e visualmente muito impressionante, tanto pela estética visual, que lembra um pouco aqueles videogames de combate, mas principalmente pela boa coreografia das cenas de lutas. Ele ainda faz uma crítica à espetacularização da violência e do massacre. A ideia lembra Jogos Vorazes, que tem como tema central criticar a Capital pelos jogos brutais contra os distritos. No entanto, Contra o Mundo decide mostrar essa questão de forma bem cômica e bastante escrachada, e isso foi um ponto muito atraente da história, porque ao mesmo tempo que o público ri, ele fica horrorizado com a normalização dessa brutalidade.
As cenas de luta são um dos pontos de maior destaque do filme. Com uma coreografia espetacular, é nítido como o longa teve cautela e preocupação com os efeitos especiais e com os jogos de câmera( que acompanhavam o movimento dos personagens durante as brigas). Parecia com o estilo de jogo do Mortal Kombat, em relação aos ataques e golpes realizados. A trilha sonora também foi muito bem selecionada, principalmente quando atrelada às cenas de luta. Com músicas nostálgicas e divertidas, elas deixavam as batalhas mais interessantes e cômicas e tiravam um pouco o peso das cenas explícitas. O longa também lembrou muito o filme Trem-Bala: uso de músicas cômicas em cenas de luta bem coreografadas e uma estética visual que remete a um videogame.
Bill Skarsgard trouxe uma boa interpretação. Apesar de ser uma comédia, o ator provou seu valor como artista e mostrou que atuar não é só decorar e falar texto. Boy era mudo e surdo. No entanto, Bill conseguiu apresentar perfeitamente o personagem somente com as expressões faciais: um assassino mortal, porém inocente e até mesmo meio infantil. Quinn Copeland, mesmo com apenas 12 anos, também teve uma atuação de destaque como Mina, a irmã travessa e bagunceira de Boy. Apesar da diferença de idade dos atores, Bill e Quinn conseguiram transmitir uma química inegável como irmãos.
Um ponto que o filme peca um pouco é no desenvolvimento de alguns fatos. Hilda é a vilã. Na história, ela assumiu o controle da cidade inteira e instaurou um regime totalitário e violento. No entanto, a trama não explica como ela conseguiu chegar e obter tamanho poder político. A informação foi apresentada, porém não foi explicado como que isso aconteceu, e seria importante tanto para o desenvolvimento da narrativa, quanto para o da própria personagem em si, para entender melhor o porque ela é tão temida e poderosa. A história do Xamã foi outra questão mal desenvolvida. Foi explicado o motivo dele ser perseguido e procurado, mas era importante aprofundar mais a história do personagem para entender o porquê dele ser uma ameaça tão grande assim. Com o que foi apresentado, deu a entender que ele era perigoso, mas poderiam ter aproveitado melhor essa questão.
Outro ponto que foi um problema é o irrealismo na cena final. Quando o espectador vai assistir um filme, ele está disposto a aceitar como verdade as premissas e propostas apresentadas, mesmo que sejam irreais, fantásticas ou surrealistas. Isso se chama Suspensão da Descrença. Entretanto, até fatos fantásticos e fictícios, não importa quão absurdos sejam, têm limites de credibilidade. A batalha final apresentou elementos que eram irreais até demais e que não levavam o espectador a acreditar que realmente aquilo tinha acontecido. O desfecho ficou exagerado até demais.
Com boas cenas de luta e uma trilha sonora bem selecionada, Contra o Mundo é um filme divertido. Ele promete tirar boas risadas e prender a atenção do público do início ao fim, com batalhas bem coreografadas. Os únicos problemas foram alguns pontos de desenvolvimento e exageros na trama, porém ainda é um filme engraçado que vale a pena ver. O longa foi lançado dia 25 de abril e ainda está em cartaz, então acesse o Ingresso.com e já garanta a próxima sessão.
Veja também:
A Teia: Até onde as mentiras estão conectadas?
